Por pedro.logato

Rio - Você sabe que vai ter Copa quando, num dia útil, à espera de um voo para São Paulo, o número de pessoas de terno é bem menor do que o de torcedores vestidos com aquela camisa que parece toalha de mesa de cantina italiana. Quando, na mesma sala de embarque, o único uniforme rubro-negro à vista é o da Alemanha, não o do Flamengo.

Gringos invadem a Arena Corinthians na véspera da abertura da CopaBruno Winckler / iG

Você tem certeza de que a Copa será no Brasil quando a pontualidade britânica vai para o espaço, quando dá chabu no ônibus/outdoor fabricado por um dos patrocinadores do evento, quando jogadores alemães, ao lado de índios, berram ‘Baêa! Baêa! Baêa!’ (grito de guerra da torcida do Bahia), quando camaroneses entoam que Obina é melhor do que Eto’o, quando ingleses pagam mico ao tentar jogar capoeira, quando ativistas anti-Copa, reunidos na Cinelândia, comemoraram o gol do Fred contra a Sérvia.

Você começa a desconfiar de que o nosso homem cordial ainda existe quando brasileiros aplaudem argentinos e festejam holandeses que nos eliminaram há quatro anos. De olho nos protestos, você também conclui que, embora cordial, o brasileiro ficou mais atento, desconfiado e crítico, não faria qualquer carinho nos organizadores da Copa nem nos responsáveis pelas obras nos estádios.

Está quase na hora. Que os croatas procurem mais a bola do que as canelas do Neymar, que nossos zagueiros e laterais não incorporem o espírito MMA do Felipe Melo, que o Felipão tenha acertado ao escalar o goleiro que, no ano passado, era reserva do reserva de um time da Segundona inglesa — depois, ele só arrumaria emprego numa equipe do Canadá (parece que joga no time dos casados, não havia mais vaga no de solteiros). Torço para que eu esteja errado, Julio Cesar, e que hoje a Seleção parta vitoriosa rumo à Estação Maracanã. Já tem Copa

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