Rio - O nordestino é, acima de tudo, um bravo. O baiano de Juazeiro do Norte, que venceu muitas batalhas para fazer sucesso no futebol, tem a frieza para as suas ideias, mas sentimentos para entender que um homem também pode chorar ouvindo o Hino Nacional, sem necessariamente perder sua concentração em campo. No peito de Daniel Alves também bate um coração.
“Homem se emociona, chora. Às vezes, falam que o homem chora de fraqueza, mas é a emoção do ser humano. Esses momentos são incontroláveis. Morreu ali, a bola rolou e vamos competir. Às vezes, a lágrima sai sem você querer. Vai fazer o quê? Tem que chorar. Quem não chora não mama”, afirmou Daniel Alves.
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Mas o lado sentimental é deixado de lado na hora de defender os companheiros. Nesse momento, surge o lateral de personalidade forte. Irritado com as críticas do ex-atacante inglês Alan Shearer, que afirmou que Fred “joga a seleção brasileira para baixo”, Daniel atacou o atual comentarista da emissora britânica BBC.
“É um dos comentários mais babacas que podemos escutar, ainda mais de alguém que jogou e sabe a dificuldade que é. É uma falta de respeito com o companheiro. É digno de pena. Jogar futebol parece fácil, mas não é. É muito antiético, é uma pena ouvir comentário de certos ex-jogadores”, criticou o lateral.
O fato de a Seleção ainda não ter empolgado na Copa do Mundo também não abala Daniel. Para ele, o que ficará na memória é a imagem do campeão mundial, no dia 13 de julho, no Maracanã. Ele lembrou que a Espanha, campeã em 2010, era uma das favoritas, mas acabou eliminada na primeira fase. Para Daniel, o balanço deve ser feito só no fim da competição.
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O lateral também não se intimida com as atuações até agora de holandeses e chilenos, possíveis adversários, caso o Brasil avance às oitavas de final do Mundial. “Não pense que Chile e Holanda são campeões do mundo porque fizeram grandes jogos. Terão de enfrentar e superar dificuldades. O que é bom hoje pode não ser amanhã”, justificou.
Vencer sem pensar nas oitavas
Quando entrar em campo para enfrentar Camarões, às 17h desta segunda-feira, em Brasília, a Seleção já saberá a definição do primeiro e do segundo colocados do Grupo B. Isso porque Holanda e Chile, já classificados, enfrentam-se às 13h, em São Paulo, para definir a liderança. Mas o lateral Daniel Alves já avisou que o time brasileiro vai brigar pela primeira colocação em seu grupo, seja qual for o rival que terá pela frente nas oitavas de final.
“O foco é o mesmo desde que começou. Nessa competição tão difícil, temos que traçar um caminho e um objetivo e ir passo a passo. A opção marcada desde o primeiro momento é de classificar em primeiro lugar e, segundo os números, esse passo só depende de nós”, afirmou.
Daniel garantiu ainda que o time não vai se esconder no duelo diante de Camarões, já eliminado: “Não podemos pensar em nos preservar. Vamos tentar superar essa intensidade que eles impõem”.
Gol em homenagem ao Tri de 70
Dadá Maravilha, hoje comentarista de TV, lembrou que neste sábado fez 44 anos da conquista do tricampeonato mundial, no México. O ex-jogador quis saber de Daniel Alves se ele gostaria de fazer um gol para homenagear os campeões de 1970 ou deixaria a tarefa para Fred.
Daniel assumiu a missão. “Eu gostaria de pegar essa responsabilidade, fazer um gol e dedicá-lo a essa conquista”, admitiu, sem pensar duas vezes.
E acrescentou: “Somos um pouco ‘desagradecidos’ nesse aspecto (de valorizar as seleções do passado). Todas as gerações campeãs mereciam um lugarzinho na história, mais carinho. Mas só são usadas para comparações com outras”.