Por rafael.arantes

Rio - Não vai ter Copa em 2015, em 2016 e em 2017 — que pena! Os primeiros dez dias da Copa brasileira nos fazem lamentar os longos quatro anos que nos separam da próxima edição da melhor de todas as competições esportivas. Como naquela velha canção de Caetano Veloso e Chico Buarque: mesmo com toda a Fifa, com todo Blatter, com todo o Valcke, com todos os estádios superfaturados, com todos os black blocs, mesmo com todos esses problemas e chatices, a Copa está espetacular. O segundo tempo do jogo entre Alemanha e Gana deveria ter sido aplaudido de pé, por uns quinze ou vinte minutos.

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Arrisco dizer que o fato de a Copa ser no Brasil despertou nas seleções um sentimento diferente. Jogar no país que ganhou cinco títulos mundiais e que reinventou a maneira de praticar o esporte teria assim o impacto de estreia no Theatro Municipal. Parece que os jogadores calçaram chuteiras especiais e vestiram roupa de festa para apresentar um futebol digno da terra que deu ao mundo Garrincha e Pelé.

Vai ser duro editar o filme com os principais momentos da Copa. Não vai dar pra deixar de fora o voo de Van Persie no gol de cabeça contra a Espanha e a desobediência civil das torcidas que cantaram os hinos nacionais além do tempo regulamentar estabelecido pela Fifa. Será impossível não eternizar os lançamentos do Pirlo, a goleada dos alemães na seleção portuguesa, a vitória da Costa Rica sobre a Itália, os gols do recém-operado Luis Suárez contra a Inglaterra, o desmaio de seu conterrâneo Álvaro Pereira e sua incrível decisão de ficar em campo.

Durante anos falaremos do Neymar, da eliminação da Espanha pelo Chile, das defesas do mexicano Ochoa, do Messi que, meio apagado, tem dado seu jeito de salvar a Argentina. Não deixaremos de reverenciar os jogadores australianos e iranianos que, estatelados no gramado, lamentavam não ter, por muito pouco, arrancado pontos de seleções bem superiores. Esta Copa também integrou de vez o Brasil à América Latina, aos nossos vizinhos. A Copa do Mundo é nossa.

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