Rio - O estigma do quase não pesou nos ombros dos alemães. A desconfiança por bater na trave nos últimos dois Mundiais foi transformada em redenção com a ida à final, no Maracanã. De agora não passa, eles garantem. Falta a cereja no bolo, que celebrará o trabalho de 10 anos. A possibilidade de ser a última Copa de Podolski, Schweinsteiger, Lahm, Klose e Mertesacker é a passagem de bastão para jovens que manterão o país no topo pelos próximos anos, mas, principalmente, levará o quinteto à condição de lenda de um país que não sabe o que é uma glória desde a longínqua Eurocopa de 1996.
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O carinho dos brasileiros foi um diferencial que lhes faltava e que transformou em realidade o sonho de uma das gerações mais brilhantes da Alemanha. O preço a ser pago é alto em caso de novo insucesso e o exemplo de Michael Ballack ecoa na cabeça. Quatro jogadores dos cinco veteranos, acima de 29 anos, são contemporâneos do ídolo aposentado e prometem agarrar a chance de se consolidar com a conquista que o ex-capitão e amigo não teve. O discurso, porém, é de pés no chão.
“Títulos são excelentes. Meus jogadores têm muitos por seus clubes e todos aqui têm na cabeça a ideia de dar um passo de cada vez”, afirmou o treinador Joachim Löw, aliviando a tensão.
“Trabalhamos de maneira exitosa nos últimos anos. Isso é uma coisa boa que vai se refletir em conquistas”, frisou.
O troféu que falta para Miroslav Klose, 36 anos e quatro Copas no currículo, é o que vai se completar à marca de seus 16 gols em Mundiais. O adeus dele também pode ser o fim da linha do capitão Philipp Lahm, 30, do meia Schweinsteiger, do zagueiro Per Mertesacker e ainda do atacante Podolski, todos com 29. O desejo é não bobear diante da oportunidade na terceira Copa deles.
“Tomamos um banho de glória depois do jogo contra o Brasil. Mas isso já passou. É água sob a ponte. Pode ser terrível perder a final. Acho que é nossa vez de levar a Copa do Mundo para a Alemanha”, garantiu Klose, em coletiva.
O quinteto joga pelo sonho de levantar um título após tantos insucessos, com duas semifinais de Copa e um vice na Euro 2008. Podolski até postou foto nesta quinta-feira ainda criança e com a camisa da Copa de 1990.
“O mesmo Poldi. O mesmo sonho. 1990-2014!!”.
De desejo e de talento vive um grupo que conta ainda com os jovens Özil, Kroos, Müller e a incrível vontade de ganhar.
Mistura que dá certo
Se a seleção brasileira sentiu o peso de disputar uma Copa em casa e tinha a experiência de apenas seis jogadores que já haviam disputado um Mundial, a Alemanha mostrou como se constrói um elenco homogêneo, misturando jovens promessas com veteranos. Esse é um dos motivos para que os germânicos tenham chegado à final da Copa do Mundo.
São 11 alemães com duas ou mais Copas no currículo - Miroslav Klose, por exemplo, possui quatro: 2002, 06, 10, 14 - e ainda outros nove jogadores estreantes e com menos de 25 anos. Mario Götze, 22 anos, André Schürrle, 23, e Shkodran Mustafi, 22, são a garantia de prosseguimento do trabalho iniciado há quase uma década por Joachim Löw e que tem tudo para continuar forte no Mundial da Rússia.