Minas Gerais - Há faz dois meses que a Seleção jogou no Mineirão. E a lembrança não é das melhores: o time de Felipão saiu vaiado após o empate em 2 a 2 com o Chile e a torcida mineira não poupou Neymar. Agora, em alta com os torcedores e embalada na competição, a equipe brasileira volta a jogar em Belo Horizonte, amanhã, contra o Uruguai, em busca da vaga na final da Copa das Confederações e, dessa vez, de aplausos.

Do jogo contra o Chile até hoje, muita coisa aconteceu: a lista da Copa das Confederações, sem Ronaldinho Gaúcho, causou surpresa; o Brasil finalmente venceu um tradicional rival ao fazer 3 a 0 na França; e Neymar sofreu com um jejum de gols, mas se reabilitou e foi eleito o cara da partida em três jogos do torneio.
O apoio da torcida nos últimos jogos, especialmente no Nordeste, tem sido um estímulo para os jogadores e comissão técnica, como contou o goleiro Julio Cesar.
“Não me lembro, comigo na Seleção, de o time ter recebido esse apoio tão forte, esse carinho, principalmente na hora do hino. Estamos sentindo uma energia forte e vamos para o jogo supermotivados. Isso, para nós, é muito bom. Faz com que a gente, dentro de campo, possa mostrar o melhor, com um futebol mais calmo. Posso dizer que estamos relaxados”, afirmou.
O goleiro lembrou ainda do jogo diante do Chile: “Muito se falava antes da competição da cobrança do torcedor brasileiro. No jogo contra o Chile, no Mineirão, a torcida cobrou muito. Foi a última impressão que ficou”.
O duelo com os chilenos, no dia 24 de abril, foi o último antes de Felipão fechar a a lista final para a Copa das Confederações e contou somente com jogadores que atuam no Brasil. Por isso, muitos dos atletas do atual elenco não disputaram aquela partida. A torcida mineira chegou a gritar “olé” em tom de deboche.
“Temos que estar preparados para tudo. Mas tenho certeza de que são momentos diferentes. Era amistoso, o grupo estava em formação, e agora estamos vindo de três vitórias importantes dentro de uma competição”, disse o atacante Bernard.
O coordenador técnico Carlos Alberto Parreira também destacou o apoio que a Seleção vem recebendo.
“Já estão sabendo que não vai ser fácil ganhar da gente, não (na Copa de 2014). Ainda mais com esse povo do lado, o décimo-segundo jogador. Isso faz diferença”, opinou.
Julio Cesar pensou em parar
A frustração pela eliminação nas quartas de final da Copa do Mundo de 2010, na África do Sul, foi tão grande que o goleiro Julio Cesar pensou até em parar de jogar naquela época. Naquele Mundial, o Brasil foi derrotado por 2 a 1 pelos holandeses.
“Naquele momento, um ou dois dias depois do jogo contra a Holanda, eu pensei em parar de jogar. Mas foi uma coisa de cabeça quente. Pensava: ‘Por que fomos eliminados?’. Se for falar aqui sobre aquele momento, eu vou ficar aqui o dia inteiro. Muitos amigos e companheiros, que sabem da minha dedicação, foram importantes”, revelou o goleiro, nesta segunda, em Belo Horizonte.
Julio Cesar ainda destacou a importância para ele de Felipão e Parreira estarem novamente à frente da seleção brasileira.
“A vinda dos dois foi importante para continuar com os projetos que eu tinha traçado na minha carreira. As coisas foram acontecendo para que eu retornasse à Seleção. Se fosse com outro treinador, talvez eu nem estivesse aqui”, completou o goleiro.
Parreira e Felipão: uma dupla dinâmica
Em tom bem-humorado, Felipão já disse que não poderá estar na função de Parreira como coordenador técnico na Copa de 2018, na Rússia, porque o seu companheiro no comando da Seleção é muito educado enquanto ele tem o perfil de chutar o balde. Trabalhando juntos há quase sete meses, os dois têm formado uma parceria considerada perfeita por Parreira.
“Mais do que respeito, existe carinho. São dois campeões do mundo. Cada vez mais eu estou mais à vontade para conversar com ele”, afirmou Parreira, citando a decisão de não poupar Thiago Silva e Daniel Alves, que tinham cartão amarelo, no jogo contra a Itália.
“Quando surge uma dúvida como essa, é bom o treinador ouvir uma opinião. Discutimos o assunto, mas no final é ele quem decide”, explicou.
No comando da Seleção, técnico e coordenador têm estilos diferentes, como o próprio Felipão comentou. Mas Parreira garante que Felipão é descontraído.
“Ele é muito brincalhão”, revelou Parreira, lembrando da função que Zagallo desempenhou em 1994 em 2006: “Eu me sinto útil. Estou fazendo com ele o que o Zagallo fez comigo, dando suporte no que precisar”.