Incêndio no Ninho do Urubu, em 8 de fevereiro de 2019, resultou na morte de dez jovens base do FlamengoAFP
Documentário reconstitui incêndio no Ninho do Urubu e aponta erros do Flamengo
Minissérie conta, entre os depoimentos, com dois sobreviventes e pais de vítimas
O documentário 'O Ninho: Futebol & Tragédia', da Netflix, estreou nesta quinta-feira (14). A minissérie em três episódios aborda a tragédia que completou cinco anos em 8 de fevereiro e matou 10 adolescentes entre 14 e 16 anos. Entre os dramas dos pais que perderam os filhos, a obra também passa pelas apurações e análises das falhas no centro de treinamentos do Flamengo.
Uma dramatização do que aconteceu no fatídico dia também se destaca, principalmente por reconstituir os depoimentos de Felipe Chrysman, um dos 16 sobreviventes, atualmente no Guarani, e do segurança Benedito Ferreira, que estava no Ninho do Urubu no dia e salvou alguns dos garotos.
Nomes como Zico e Vanderlei Luxemburgo também aparecem em entrevistas, mas com pouco destaque, que é dedicado aos familiares que quiseram participar. A direção do documentário informou que muitos optaram por não falar, entre eles os dirigentes do Flamengo. Por isso, os responsáveis do clube aparecem apenas em entrevistas ou durante a CPI dos incêndios, em 2020 na Alerj.
Depoimentos dos pais de Christian Esmério, 15 anos, e de Bernardo Piseta, 15, e a mãe de Arthur Vinícius, 14, contam como foi a trajetória dos filhos até chegarem ao Flamengo, com vídeos de arquivos pessoais. Ele recordam também o desespero no dia da tragédia, as dificuldades para conseguir um acordo de indenização e a mágoa com o Rubro-Negro.
Imagens dos garotos dentro dos contêineres que serviam como dormitório, assim como as plantas do projeto do CT ajudam a contar a história sobre a negligência do Flamengo. Dois peritos explicam como aconteceu o incêndio - por causa de um curto-circuito no ar condicionado - , e como a estrutura do alojamento foi determinante para a tragédia.
A questão das falhas nas instalações elétricas ser do conhecimento do Flamengo, inicialmente publicada pelo site 'Uol' em 2020, também serve como fio condutor para apontar as responsabilidade do clube, como reforça o promotor de Justiça Décio Alonso, que cuida do caso, no documentário.
Além de Felipe Chrysman, o outro sobrevivente a dar depoimento foi Wendel Alves, cuja mãe também fala sobre o que aconteceu. Os dois jovens, que não estão mais no Flamengo, contam os traumas que continuam desde aquele triste dia, assim como o segurança Benedito.
Já os pais das vítimas explicam os motivos para aceitar o acordo de indenização com o Flamengo, à exceção da mãe de Christian Esmério, que explica o porquê de entrar na Justiça. Eles também reclamaram do descaso do Flamengo sobre o tema.
Em momento emocionante no documentário, os pais voltam aos locais onde os filhos deram os primeiros passos no futebol, com direito a imagens intercaladas dos garotos jogando, ainda pequenos.
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