Christian Esmério foi uma das 10 vítimas fatais do incêndio no Ninho do UrubuReprodução

Rio - O Flamengo anunciou, na noite desta terça-feira (4), que chegou a um acordo para indenizar a família do goleiro Christian Esmério, uma das 10 vítimas fatais do incêndio no Ninho do Urubu, em 2019. Os pais do jovem, que faleceu aos 15 anos, eram os únicos familiares dos garotos mortos na tragédia que ainda não tinham feito acordo e seguiam processando o clube. O valor da indenização que será paga não foi revelado.
Em 2024, a Justiça do Rio condenou o Flamengo a pagar R$ 2,82 milhões por danos morais para os pais de Christian (valor a ser dividido igualmente entre eles) e R$ 120 mil ao irmão. Além disso, o Rubro-Negro foi obrigado a arcar com uma pensão mensal de R$ 7 mil, que começou a ser paga anteriormente de maneira voluntária pelo clube, até 2048 ou até o falecimento dos pais do goleiro. 
Inicialmente, a família de Christian cobrava R$ 5,2 milhões de danos morais para os pais e R$ 240 mil para o irmão, além de R$ 3,9 milhões de pensão, à vista ou parcelado por mês. Porém, o valor recebido foi maior do que os R$ 2 milhões de indenização e pensão de R$ 10 mil por 30 anos sugeridos na época pela Câmara de Conciliação formada para ajustar os acordos entre o clube e os familiares.

Veja a nota oficial do Flamengo:

"O Clube de Regatas do Flamengo informa que celebrou acordo com a família de Christian Esmério em relação ao processo nº 0305333-17.2021.8.19.0001, que tramita na Justiça do Estado do Rio de Janeiro, e trata do pleito da última família ainda não indenizada pelo acidente ocorrido no Ninho do Urubu em 2019.

O Flamengo entende que não há dinheiro no mundo que possa aplacar a dor pela perda de um filho ou de um irmão, mas continuar litigando, consideradas as circunstâncias do caso concreto, poderia impor ainda maior sofrimento à família, o que não é o desejo do Clube. Desta forma, terminar o processo e permitir à família a compensação financeira, mediante a celebração do acordo, era prioridade máxima da atual Administração do Flamengo".

Nota da família de Christian

"Andréia Pinto Candido de Oliveira, Alessandro da Silva dos Santos, Cristiano Junior Esmério de Oliveira e Cristiano Júnior Cândido Esmério, familiares de Christian Esmério, através de seus advogados Dr. Louis de Casteja, DI. Fernando Cesar Leite, DI. Antônio Sergio Pereira Gonçalves e DI. Aguinaldo Silva Dias Junior informam que, o Clube de Regatas do Flamengo, ao adotar uma postura mais empática consciente, reconheceu que a tragédia transcende questões financeiras, honrando a memória do jovem atleta.
Desta forma, considerando o sigilo estabelecido no processo e no acordo firmado com o Clube de Regatas do Flamengo, a família e seus advogados não irão se manifestar acerca dos termos acordados".

A tragédia

O incêndio do Ninho do Urubu completará seis anos no próximo sábado (8). Na ocasião, o centro de treinamento, usado para treinos dos profissionais e das categorias de base do Flamengo, não tinha alvará de funcionamento. No dia 8 fevereiro de 2019, os contêineres estruturados para dormitórios provisório pegaram fogo e dez adolescentes morreram, além de outros três que ficaram feridos. Os jovens tinham entre 14 e 16 anos. Quando ocorreu o incêndio, estavam presentes 26 garotos no alojamento.

Vítimas fatais

Athila Paixão, 14 anos
Arthur Vinícius de Barros Silva Freitas, 14 anos
Bernardo Pisetta, 14 anos
Christian Esmério, 15 anos
Gedson Santos, 14 anos
Jorge Eduardo Santos, 15 anos
Pablo Henrique da Silva Matos, 14 anos
Rykelmo de Souza Vianna, 16 anos
Samuel Thomas Rosa, 15 anos
Vitor Isaías, 15 anos

Réus

Ainda em 2019, a Polícia Civil chegou a indiciar oito pessoas por homicídio com dolo eventual e tentativa de homicídio. São eles:
Eduardo Bandeira de Mello (ex-presidente do Flamengo)
Márcio Garotti (ex-diretor de meios)
Marcelo Sá (engenheiro)
Claudia Pereira Rodrigues (da empresa NHJ, fornecedora dos contêineres)
Weslley Gimenes (NHJ)
Danilo da Silva Duarte (NHJ)
Fabio Hilário da Silva (NHJ)
Edson Colman da Silva (técnico em refrigeração)