John Kennedy foi decisivo para o Fluminense nas fases de mata-mata da LibertadoresMailson Santana/Fluminense

De garoto problema quase fora dos planos a jogador decisivo na campanha da Libertadores, John Kennedy teve um longo caminho na curta carreira. Antes dos três gols nos três confrontos de mata-mata pelo Fluminense, o atacante foi afastado por indisciplina, voltou ao sub-20 e foi emprestado à Ferroviária. Mas entendeu que precisava mudar o comportamento, o que gerou mais uma chance no Tricolor, onde pode alcançar a redenção na final de sábado (4), às 17h, contra o Boca Juniors, no Maracanã.
Com gols marcados sobre Argentinos Juniors, Olimpia e Internacional, John Kennedy deixa de lado a fama anterior e reforça a impressão que deixou na base tricolor. Em especial no sub-20, quando marcou 17 vezes em 17 jogos de mata-mata.
Decisivo, ele costuma crescer ainda mais em finais: foram três gols em dois jogos no Carioca Sub-20 de 2021, e outros cinco em quatro jogos no sub-17 de 2019 (Taça Guanabara e Estadual), todos contra o Flamengo. 
"Acredito muito no talento que ele tem, o quanto quer chamar a responsabilidade para resolver os jogos. Alcançou um nível fantástico na carreira .Tem liderança técnica e uma personalidade muito forte. E acho que esses problemas pessoais fortaleceram ele. Conseguiu transformar em trabalho, aprendizado", elogia Elano, ex-jogador e treinador que comandou o atacante na Ferroviária durante parte do Paulista.

Fluminense recusou proposta

Neste sábado, o atacante terá o maior desafio da carreira e pode ajudar a garantir o título mais importante da história do clube que o revelou em 2020 e apostou em dar nova chance. Afinal, uma proposta do Chicago Fire de três milhões de dólares (R$ 15 milhões à época), em fevereiro, dividiu a diretoria: negociá-lo por valor baixo, diante  dos problemas disciplinares, ou confiar no talento e na promessa de nova postura.
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John Kennedy fez seis gols em 11 jogos pela Ferroviária no Campeonato Paulista - Tiago Pavini/Ferroviária
John Kennedy fez seis gols em 11 jogos pela Ferroviária no Campeonato PaulistaTiago Pavini/Ferroviária
 
Àquela altura, John Kennedy dava sinais de mudança e de que valia a pena apostar nele. Após ser afastado dos profissionais em setembro de 2022, por atrasos e falta de comprometimento, e retornar ao sub-20, ele foi emprestado à Ferroviária no início da temporada as informações eram positivas. Apesar do rebaixamento no Campeonato Paulista, ele se destacou com seis gols em 11 jogos. E Diniz resolveu dar mais uma chance.
"Eu o conhecia da base do Fluminense e sabia do seu talento, mas sempre ouvíamos coisas negativas e isso entristecia. Foi fácil o convívio e a abordagem com ele. Eu não tinha dúvidas de que, ele organizando a vida fora do campo, dentro teria resultado", disse Elano, que vê no ex-comandado um futuro brilhante:
"Agora ele precisa do controle. O Fernando Diniz pode ajudar muito, o grupo também, para manter esse equilíbrio emocional, e ele conduzir a carreira da melhor forma, almejar grandes coisas pelo Fluminense e chegar à seleção brasileira. Ele tem condições".

Nova postura de John Kennedy


Além das muitas conversas que teve, com profissionais do Fluminense e da Ferroviária, John Kennedy também entendeu de que precisava mudar a postura não apenas como jogador, mas como pessoa. Passou a se dedicar nos treinos, inclusive fez atividades extras por conta própria, e passou a cumprir com os horários e a aceitar as orientações.
Pai de dois filhos - Davi Luas, de dois anos, e Vallentina, que completou um recentemente -, ele viu a chegada da caçula, fruto de relacionamento com Viviane Barros, com quem mora junto, ajudá-lo a entender a necessidade de ter uma postura mais responsável.
"Realmente, eu que dei alguns moles, uns vacilos, estava com a cabeça meio virada. Mas regenerei, sou um novo homem", admitiu o atacante em uma live no Instagram, em fevereiro.