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Alívio, mas sem nada a comemorar
Título da Libertadores quase resulta em queda para a Série B do Brasileiro
Ufa! A torcida tricolor respira aliviada. Graças a uma pouco provável e inédita vitória sobre o Palmeiras, ontem, no Allianz Parque, o Fluminense segue na Série A do Brasileiro. Um triunfo na base da garra, mas que também pode ser creditado ao Gravatinha, ao imponderável do futebol e à incompetência dos adversários diretos na luta contra o Z-4. Nada, aliás, a ser comemorado. Afinal, após uma temporada pavorosa, para ser esquecida, o Fluminense, depois de chegar à Glória Eterna e erguer a Libertadores, no dia 4 de novembro de 2023, esteve muito perto da Vergonha Eterna neste nada festivo 8 de dezembro de 2024.
Apenas um ano, um mês e quatro dias separam momentos tão díspares. Do céu ao (quase) inferno em um cenário tão injustificável e inaceitável. Nem o mais pessimista ou o mais sonhador dos torcedores seria capaz de imaginar tamanho pesadelo. Nenhum roteirista poderia criar tão pesado e cruel enredo. Ao menos, se o final não foi como deveria (o time ficou longe do título), livra os tricolores do dissabor de voltar ao 'underground' do nosso futebol e reviver uma das épocas mais sombrias e tenebrosas na história do clube tantas vezes campeão.
Culpados pelo susto? Exceto a apaixonante e apaixonada torcida, todos que responderam (?) pela centenária e tradicional agremiação nestes últimos 12 meses. A começar pelo presidente Mario Bittencourt. Ele apostou em um elenco geriátrico, com muitos reforços de qualidade duvidosa, e o manteve nas mãos de um treinador excêntrico e com um estilo de jogo suicida — principalmente depois que os adversários decifraram o esquema tático desajustado, desafinado e de uma nota só, do "jênio" Fernando Diniz.
Mas a lista não para por aí. Marcão, por exemplo, poderia ter tido a hombridade de admitir não ser capaz de comandar o time nem por um jogo e se recusado a substituir o demitido Diniz. Mano Menezes chegou e até começou bem, mas, com o tempo e seu estilo de jogo medroso, adepto do ineficiente, insípido e inodoro 'meio a zero', esteve perto de sucumbir às adversidades de um elenco de jogadores nada coeso e em vertiginosa queda física e técnica.
A catástrofe quase perpetrada ontem também tem a assinatura dos jogadores. Órfão de Nino e André, o grupo — mesmo com a chegada de Thiago Silva —, após fazer forfait no Carioca, sucumbiu, vergonhosa e fragorosamente, na Copa do Brasil e na Libertadores. O 'gran finale' ficou por um fio no Brasileiro, com direito, por exemplo, a dez pontos perdidos para "potências" como Criciúma (4) e Atlético-GO (6), degolados no Z-4.
Citar nomes é quase como chover no molhado. Douglas Costa, que foi embora sem deixar saudade, Marcelo, que saiu pela porta dos fundos e manchou sua história com a camisa verde branca e grená, Terans, Ignácio, Antonio Carlos, Felipe Melo, Diogo Barbosa, Renato Augusto, John Kennedy, Lucumi, Cano, Kauã Elias, Manoel, Samuel Xavier, Guga, Lima, Martinelli...
Poucos se salvam em meio a tanta mediocridade — Fábio, Thiago Silva, Ganso, Arias (e olhe lá!). Fato é que este melancólico 2024 que se encerra nos traz à memória um passado nefasto e que por pouco não foi revivido em cores vivas. Resta, agora, respirar aliviado e pensar no futuro. Mesmo com a Sula e Copa do Mundo de Clubes no horizonte, as perspectivas nada têm de alentadoras? SAF? Está mais para Serviço de Assistência Funeral!
Como diria Nelson Rodrigues, é hora de os tricolores vivos saírem de suas casas, os doentes de suas camas e os mortos de suas tumbas para cobrar que esta diretoria medíocre ressurja das cinzas e ressuscite um cadáver quase insepulto chamado Fluminense Football Club. A torcida, viva e cheia de energia, não merece ver o futuro (em 2025) repetir o (distante e traumático) passado.
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