Por fabio.klotz
Rio - O escândalo dos casos de doping envolvendo a equipe de atletismo da Rússia trouxe à tona um problema sempre presente no esporte mundial. Com uma média de 0,5% a 1% de amostras coletadas resultando positivo nos últimos dez anos, a chance de haver um caso de doping na Olimpíada do Rio em 2016 é quase certa. O Comitê Olímpico Internacional (COI) e a Agência Mundial Antidoping (Wada, na sigla em inglês) prometem jogo duro para flagrar todos os casos e fazer justiça no esporte.
Mariya Savinova (E)%2C medalha de ouro nos 800m em Londres-2012%2C foi citada pela Wada em seu relatório sobre doping%3A Rússia sob riscoArquivo

“Em uma Olimpíada sempre tem um resultado positivo de doping. Se não tivesse nenhum caso seria uma indicação de que não houve um bom controle. Já temos a capacidade de descobrir produtos novos”, explica Eduardo de Rose, membro da comissão médica do COI e da comissão executiva da Wada.

Nos Jogos do Rio, serão realizados cerca de 5 mil exames de controle antidoping. Além das competições, também serão coletadas amostras desde a abertura da Vila Olímpica até o encerramento dos Jogos. A escolha dos atletas é decidida pelo critério de inteligência da Wada, estabelecido por meio de uma série de variáveis, como o número de resultados positivos de doping em determinado esporte nos últimos dez anos ou o número de exames realizados por um país no ano.

Outra opção mais específica é o passaporte biológico. Nesse caso, a federação pede para que a Wada realize exames de sangue durante a competição. Mesmo que a substância já tenha sido expelida do organismo, é possível descobrir se houve melhora no desempenho pelo comparativo com outros exames de sangue do mesmo atleta. Foi assim que o esquema russo foi descoberto.
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Segundo De Rose, é quase impossível acontecer nos Jogos do Rio algo semelhante ao escândalo envolvendo os russos - os dirigentes do país pagavam propina aos dirigentes da Federação Internacional de Atletismo (IAAF) para esconder os resultado positivos de doping.
“Não é preocupação. Toda operação fica a cargo do COI, o risco de um escândalo é improvável, até porque a Wada fica como observadora. Teria que envolver muita gente”, explica o especialista em antidoping, que, apesar da exclusão temporária da Rússia, imposta pela IAAF, aposta na presença do atletismo russo no Rio: “Em função do que vi em 35 anos na área olímpica, com vários escândalos de doping diferentes, o tratamento costuma ser pontual. Serão tomadas medidas fortes contra quem fez a fraude, mas não creio que será estendido para todos os atletas russos.”