Após escândalo envolvendo equipe russa de atletismo, COI e Wada unem forças para fazer uma Olimpíada limpa no Rio
Por fabio.klotz
Rio - O escândalo dos casos de doping envolvendo a equipe de atletismo da Rússia trouxe à tona um problema sempre presente no esporte mundial. Com uma média de 0,5% a 1% de amostras coletadas resultando positivo nos últimos dez anos, a chance de haver um caso de doping na Olimpíada do Rio em 2016 é quase certa. O Comitê Olímpico Internacional (COI) e a Agência Mundial Antidoping (Wada, na sigla em inglês) prometem jogo duro para flagrar todos os casos e fazer justiça no esporte.
“Em uma Olimpíada sempre tem um resultado positivo de doping. Se não tivesse nenhum caso seria uma indicação de que não houve um bom controle. Já temos a capacidade de descobrir produtos novos”, explica Eduardo de Rose, membro da comissão médica do COI e da comissão executiva da Wada.
Nos Jogos do Rio, serão realizados cerca de 5 mil exames de controle antidoping. Além das competições, também serão coletadas amostras desde a abertura da Vila Olímpica até o encerramento dos Jogos. A escolha dos atletas é decidida pelo critério de inteligência da Wada, estabelecido por meio de uma série de variáveis, como o número de resultados positivos de doping em determinado esporte nos últimos dez anos ou o número de exames realizados por um país no ano.
Outra opção mais específica é o passaporte biológico. Nesse caso, a federação pede para que a Wada realize exames de sangue durante a competição. Mesmo que a substância já tenha sido expelida do organismo, é possível descobrir se houve melhora no desempenho pelo comparativo com outros exames de sangue do mesmo atleta. Foi assim que o esquema russo foi descoberto.
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Segundo De Rose, é quase impossível acontecer nos Jogos do Rio algo semelhante ao escândalo envolvendo os russos - os dirigentes do país pagavam propina aos dirigentes da Federação Internacional de Atletismo (IAAF) para esconder os resultado positivos de doping.
“Não é preocupação. Toda operação fica a cargo do COI, o risco de um escândalo é improvável, até porque a Wada fica como observadora. Teria que envolver muita gente”, explica o especialista em antidoping, que, apesar da exclusão temporária da Rússia, imposta pela IAAF, aposta na presença do atletismo russo no Rio: “Em função do que vi em 35 anos na área olímpica, com vários escândalos de doping diferentes, o tratamento costuma ser pontual. Serão tomadas medidas fortes contra quem fez a fraude, mas não creio que será estendido para todos os atletas russos.”