Rio - De Olimpíada, Juliana Veloso entende bem. Aos 35 anos, a saltadora do Fluminense se prepara para disputar os Jogos pela quinta e última vez na carreira, após ter representado o Brasil em Sydney-2000, Atenas-2004, Pequim-2008 e Londres-2012. Desde a estreia na cidade australiana aos 19 anos até a classificação para a Rio-2016, ela ganhou experiência para administrar melhor a ansiedade e controlar os fatores externos na hora da competição.
“Cada uma é cada uma. É igual a filho (risos). Cada um é especial no seu jeito. Em Sydney, o lugar era demais. Foi especial por ser num lugar especial”, diz Juliana, recordando sua primeira participação olímpica, em 2000.
“Em Sydney, lembro do impacto do refeitório. Além de ser um lugar muito grande e com muita oferta de tudo, os atletas todos se encontravam ali. Tenho um contato maior com o pessoal da piscina. Só que ali você encontra o pessoal do vôlei, do tênis... Foi um impacto muito grande. A primeira vez que eu sentei no refeitório foi ao lado do Guga (o tenista Gustavo Kuerten)”, diz.
De lá para cá, Juliana foi a todas as Olimpíadas e conseguiu conciliar a vida de atleta com a maternidade. O filho mais velho, Pedro, nasceu em junho de 2009, e o mais novo, Tiago, em maio de 2013.
“Na gravidez do mais velho, eu engordei 32 quilos. E na do mais novo, 28. Não foi nada fácil”, lembra a saltadora.
Para a competição no Rio, em agosto, Juliana se sente mais preparada para lidar com os fatores externos: “A alegria de fazer o que eu faço é a mesma. O controle do meu corpo, do que eu estou sentindo e do que eu quero fazer é maior. A ansiedade pode ajudar, mas pode atrapalhar muito também. No meu esporte, que é de muita precisão, quanto menos eu tiver o fator externo me incomodando, melhor. Eu sei que vão ter muitos, mas estou mais preparada para ignorá-los. Se eu errar, não é porque alguém gritou e eu errei. Se eu errar, é porque alguém gritou e eu não estava concentrada o suficiente para acertar. A culpa é a minha.”
Aos 35 anos, Juliana está decidida que a Rio-2016 será mesmo a sua última Olimpíada, mas ainda não vai se aposentar dos saltos ornamentais.
“Este é o meu último ciclo olímpico, mas não vou parar de saltar imediatamente. Eu entrei para a Marinha e eu tenho muito orgulho. Quero representá-los bem e retribuir de alguma forma. Ainda amo fazer o que faço, mas na próxima Olimpíada vou estar com 39 anos. Eu tenho outras coisas para fazer na minha vida, não sei exatamente o quê. Eu faço Jornalismo e tenho o salão (de beleza)”, conta ela, que também é empresária.
Juliana diz que já poderia ter disputado sua última Olimpíada em Londres-2012, mas não poderia deixar de tentar a vaga para competir no Rio e está consciente do que isso representa: “É uma responsabilidade saber que tem muita gente que separou tempo e dinheiro para estar ali. A pessoa poderia estar fazendo muitas outras coisas, mas vai estar ali. Ao mesmo tempo, eles vão estar torcendo. Eu vou querer fazer o melhor por mim e por eles.”
Para sua despedida olímpica, ela já sabe o que quer: “Meu objetivo é entrar entre as 18, que é a semifinal. Alcançando esse objetivo, quero entrar entre as 12, que é a final. Entrando na final, tudo pode acontecer. Passo a passo. Vamos cumprir uma tarefa de cada vez. Acho que tenho condições técnicas e estou em casa. Tem tudo para dar certo.”