Rio - Esqueçam o barulho da música eletrônica, o moderno hip hop ou o carioquíssimo funk. O som que faz a cabeça do cavaleiro João Victor Oliva Marcari é o sertanejo. E não é apenas uma preferência musical. É estilo de vida.
“Ele gosta de tudo, de Tonico e Tinoco a Chitãozinho e Xororó. É muito simples, do interior mesmo, nasceu praticamente na fazenda. O João Victor gosta dessa coisa caipira, da vida do campo, de usar botas e camisas regionais. Ele tem a minha raiz”, diz, orgulhosa, a mãe de uma das maiores promessas do hipismo brasileiro, a medalhista olímpica e rainha do basquete, Hortência.

A alma sertaneja também é atestada pelo pai, um apaixonado por esportes, que se derrete ao falar do filho.
“Ele é diferente. É um menino sertanejo que conhece desde uma música atual até Inesita Barroso. Ele é mais que um atleta que está indo para uma Olimpíada. Acorda cedo, limpa a baia, lava o cavalo. Em algum lugar eu acertei”, brinca o empresário José Victor Oliva.
As revelações musicais dos pais passam longe do exagero. Apesar de ter só 20 anos, João Victor surpreende ao citar como cantores prediletos duplas sertanejas bem tradicionais.
“Gosto para caramba de sertanejos mais antigos, como Milionário e José Rico, Trio Parada Dura, Chico Rey e Paraná. E também dos mais novos como Henrique e Diego, Jorge e Mateus, e Conrado e Alexandro”, revela João Victor com um forte sotaque do interior paulista.
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E é ao som sertanejo que João Victor mata um pouco da saudade da família,desde que trocou o Brasil pela Alemanha, ou quando se vira na cozinha. “Enjoei de comer batata e salsicha. Aqui eu cozinho. Faço arroz, feijão e macarrão, usando sempre os molhos prontos”, entrega.
Foram dois anos de esforço que foram recompensados. Logo na primeira temporada de treinamento na distante Möhnesse, ele abocanhou a medalha de ouro individual e por equipe, no Sul-Americano de 2014, no Chile. Ano passado, levou o bronze por equipe, no Panamericano de Toronto, montando Xamã dos Pinhais. Ao competir contra os melhores da Europa, João Victor evoluiu tecnicamente e hoje é uma realidade no adestramento. Modalidade clássica do hipismo na qual o cavaleiro mostra total controle sobre o cavalo ao conduzir com harmonia movimentos coreografados durante o trote, galope ou a parada.

“É um esporte muito novo no Brasil. Não tem passado. Quero ganhar experiência competindo em casa. Mas medalha é bem difícil pelo nível dos outros atletas”, diz João Victor, que já escolheu as músicas para a sua apresentação, dia 10 de agosto, em Deodoro. Ele deixou de lado a paixão pela música sertaneja e optou por três clássicos.“Mas que nada, Manhã de Carnaval e Garota de Ipanema são a cara do Brasil, todos vão gostar”, garante.