Por pedro.logato

Rio - A derrota de Sarah Menezes na primeira luta da repescagem pela segunda medalha de bronze da categoria ligeiro feminina (até 48 quilos) do judô, nos Jogos Rio 2016, foi marcada pela dor. Durante a luta contra Urantseg Munkhbat, da Mongólia, no último sábado, a brasileira sofreu duas luxações no cotovelo direito e foi levada imediatamente para a policlínica da Vila Olímpica. Entretanto, segundo a judoca brasileira, doeu mais em outra parte do corpo, por ela não ter saído da Arena Carioca 2 com outra medalha olímpica.

"A dor maior foi no peito, mais que no braço", disse a campeã de Londres-2012.

Três dias depois do revés, Sarah voltou à Arena Carioca 2 na manhã desta terça feira, para acompanhar as lutas dos compatriotas Mariana Silva (até 63 quilos) e Victor Penalber (até 81 quilos). Do alto da arquibancada, ela disse, por outro lado, já ter superado o que viveu no sábado.

Sarah Menezes não conseguiu ser bicampeã olímpica Marcelo Pereira/Exemplus/COB

"Eu tentei, eu lutei, eu fui para dentro da luta. Mas faz parte do jogo ganhar ou perder. O chato é que eu não cheguei ao pódio. Mas agora eu estou feliz. Eu fiz a minha parte. Treinei, me dediquei. Não é por causa de uma Olimpíada que eu vou cair. Tudo acontece na vida. Não foi o meu melhor dia. Agora é erguer a cabeça", afirmou.

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Na luta com a mongol, Sarah tentou até quando pôde. A primeira luxação foi sofrida ainda no tempo normal, após levar uma chave de braço. Mas ela resistiu no tatame até o tempo de desempate, quanto levou o mesmo golpe e desistiu da luta.

"Na primeira vez, o braço saiu do lugar, mas voltou na hora. Mas no goden score eu já estava sem força no braço e ele acabou saindo do lugar de novo. Eu fui bem resistente, até que uma hora doeu tanto que eu bati (no tatame, sinalizando a desistência)", contou a judoca, que explicou como resistiu tanto à dor:

"Na hora, o sangue está tão quente que você não sente. O desespero é tão grande, de querer vencer a luta, que a dor é menor."

A gravidade da lesão, segundo Sarah, ainda será confirmada pelos resultados do exame de ressonância magnética ao qual ela se submeteu na última segunda-feira. Mas, seja qual for, o problema não vai atrapalhar a programação da judoca, que só voltará a competir em 2017.

"Com medalha, ou sem medalha, eu já ia tirar umas férias e voltar no próximo ano. Agora é tratar a lesão e, depois que eu melhorar, voltar a treinar", disse Sarah.

Sarah Menezes ainda machucou o cotovelo na derrota Clayton de Souza / Estadão / NOPP

Com a rotina tomada pelo tratamento da lesão, Sarah Menezes não pôde acompanhar de perto o título de Rafaela Silva, na categoria leve (até 57 quilos). Mas viu pela televisão e ficou satisfeita com a superação da colega, que havia sido desclassificada em Londres, por um golpe ilegal, e sofrido ofensas racistas de próprios brasileiros nas redes sociais.

"Foi maravilhosa a conquista dela. Em nossa equipe somos todos vencedores e temos chance real de outros pódios. Todos os atletas estão bem preparados e o nervosismo vem para todos. Todos somos seres humanos, temos sentimentos. Vai de quem tem a cabeça melhor e consegue controlar a ansiedade no tatame", afirmou Sarah.

Ela ainda celebrou a liberação médica para voltar ao Parque Olímpico: "Antes eu estava com muita dor, tomando remédio, fazendo tratamento pela manhã e ficando com minha família à tarde."

Antes da derrota para Munkhbat, Sarah foi eliminada nas quartas de final pela cubana Dayaris Mestre. Na categoria dela, a medalha de ouro foi conquistada pela argentina Paula Pareto, a de prata pela sul-coreana Bokyeong Jeong e as de bronze pela japonesa Ami Kondo e por Otgontsetseng Galbadrakh, do Cazaquistão.

No judô, há duas premiações de bronze. Uma para quem vence a disputa entre os dois competidores eliminados nas semifinais, e outra para o 'campeão' da repescagem disputada pelos quatro competidores eliminados nas quartas de final.

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