Por edsel.britto

Rio - Thomaz Bellucci, número 54 do mundo, começa a sonhar alto. Com a vitória sobre o uruguaio Pablo Cuevas, 21, na noite desta terça-feira, o tenista brasileiro passa a enxergar, no horizonte, o brilho de uma medalha. Nesta quarta, ele enfrentará o belga David Goffin, 13º do ranking, pelas oitavas de final do torneio de simples dos Jogos Rio 2016. Nada mal para quem chegou desacreditado aos Jogos Rio 2016. Agora, é seguir no embalo da torcida.

"Eu tinha jogado duas Olimpíadas sem ganhar nenhum jogo. Passei a primeira rodada num jogo difícil, um pouco estranho até. Mas, independentemente disso, entrei na semana não só querendo passar da primeira rodada. A minha esperanças era, sim, avançar no torneio. Eu sabia que estava jogando bem, fazendo meu trabalho certo, física e mentalmente firme para conseguir ter um bom resultado. Agora, é seguir olhando jogo a jogo, mas com a esperança de chegar longe e representar bem o meu país", disse Bellucci, para quem a torcida lhe proporcionou um dos momentos mais emocionantes de sua carreira: "Foi uma sensação muito legal. Quem compareceu sentiu um pouco dessa vibração, dessa energia que estava lá dentro de quadra. É diferente jogar num estádio para 10 mil pessoas dentro do Brasil, a gente nunca teve um estádio para o tênis. Isso para o nosso país é muito legal. Por mais que seja a segunda rodada, foi um jogo que ficará marcado na minha carreira, e espero receber esse amor e esse apoio que eu recebi na quadra hoje (terça)", disse Bellucci.

Belluci venceu e avançou para as oitavas de final do individualAlexandre Cassiano / O Globo / NOPP

Com o Brasil tendo poucas chances de avançar na dupla mista, Bellucci passa a ser a esperança de um bom resultado no tênis na Olimpíada. Por isso, a torcida deve se concentrar na campanha dele, diferentemente desta terça-feira, quando a galera teve que se dividir, já que Marcelo Melo e Bruno Soares jogaram praticamente no mesmo horário. Embora no esporte da bolinha amarela a tradição seja de silêncio na arquibancada, no Brasil, a quadra se transforma quase num estádio de futebol. E o barulho faz diferença.

"Eu não queria estar na pele do Pablo. É difícil não se irritar com a torcida do outro lado. A torcida foi respeitosa, mas é difícil jogar com tanta torcida contra. Sei como é. A energia que eles passam para mim é muito grande. E saber que, a cada ponto que perder, a torcida vai infernizar o ouvido dele, vai cair para cima da quadra, a sensação é difícil. É uma grande vantagem jogar em casa, e a gente tem sabido usar bem isso", afirmou Bellucci, que analisou ainda seu próximo oponente: "O Goffin é um cara perigoso, está há dois, três anos beirando o top dez, é muito forte nessa quadra, contra-ataca bem, fisicamente é muito rápido. Terei que jogar como hoje (terça): agressivo, pressionando desde a devolução."

O brasileiro mais uma vez precisou de atendimento médico para seu pé direito, a exemplo da véspera, no jogo de duplas. Ele garante, porém, que aguenta chegar até o fim dos Jogos: "Está tranquilo, normal, eu tive dois jogos difíceis, mais dois de dupla, já fiz quatro jogos nessa semana. É normal, o corpo acaba pedindo um pouco de água (risos). Mas eu estou bem, é só fazer um curativo que no próximo jogo estarei inteiro, 100%, para entrar e fazer um bom jogo", disse o tenista, que revelou ter sentido um problema diferente do que teve na derrota nas duplas: "Ontem (segunda-feira) era um grampo no meu pé, de grampear folha, não sei o que aconteceu (risos). Parecia pedra, mas era um grampo."

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