Por edsel.britto

Rio - A emoção ao ser ovacionado pela torcida contrastou com a frustração da derrota em apenas 1 minuto e 46 segundos. Um duro golpe para o armênio naturalizado brasileiro Eduard Soghomonyan, único representante do país na luta greco-romana. Mas, para quem já passou por momentos difíceis, é só mais uma oportunidade de se levantar e ajudar o esporte a crescer no Brasil.

“É um orgulho levar a bandeira do Brasil, mas não deu. Desculpa aos brasileiros que esperavam mais. Vou começar a treinar porque 2020 começou agora”, disse.

Eduard acabou derrotado na luta olímpicaFlavio Florido/Exemplus/COB

Antes de se tornar brasileiro de coração, Eduard cresceu com o conflito de Nagorno-Karabakh, entre seu país e o Azerbaijão, nos anos 90. Perdeu amigos e viu muita gente mutilada. Sua família sobreviveu e ele chegou à seleção armênia. Três cirurgias no joelho o fizeram perder a vaga em 2010. Treinando sozinho e sem salário, trabalhou como carregador para sustentar a mãe e a irmã (o pai e o irmão moram em Moscou) e entendeu que precisava mudar de vida.

Em São Paulo, Eduard tinha um amigo de família armênia que conheceu em uma competição em 2011. Resolveu arriscar. “A vida ficou difícil. Vendi o carro e estava parado para comprar a passagem. Vim passear e meu amigo Ricardo me deu uma chance para eu começar uma nova vida”, relembra. “A vida no Brasil é maravilhosa. Aqui tem gente feliz, as pessoas se ajudam e não tem guerra. Na Armênia, o povo é um pouco sofrido, tem muitos problemas a resolver.”

Eduard, de 26 anos, começou a treinar e resolveu se naturalizar. Só que nem isso foi fácil. Após dois anos, só tornou-se brasileiro em junho, às vésperas da Olimpíada. A demora o obrigou a disputar uma seletiva em julho. Todo o processo atrapalhou a preparação. Após a experiência na Olimpíada, ele quer se reerguer. Para isso, pretende se firmar no Brasil e ajudar a desenvolver a luta greco-romana: “Para 2020, teremos mais atletas. Quero morar no Rio, na Tijuca, perto do CT, mas também penso em abrir academia de luta olímpica em São Paulo. Vamos ver como vai ser.”

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