Paris - Convocados pelo técnico Bernardinho para representar o Brasil nas quadras de vôlei de Paris-2024, os irmãos Alan, de 30 anos, e Darlan, de 22, anseiam pela primeira participação em Jogos Olímpicos em conjunto na carreira. Impulsionada pelo amor fraterno, a dupla vai em busca da medalha de ouro.
Em entrevista exclusiva ao O DIA, os atletas comentaram a expectativa para vestir a camisa da seleção brasileira no maior evento esportivo do planeta.
"A Olimpíada é a realização de um sonho, e essa vai ser ainda mais especial do que a de Tóquio, pelo fato de eu poder estar com o meu irmão. Fico muito feliz de acompanhar o crescimento dele de perto. Ele está conquistando muitas coisas na vida de forma merecida", contou Alan.
Oposto, mesma posição do irmão, Darlan é um dos principais jogadores da Seleção masculina de vôlei, sendo o responsável por virar a maior parte das bolas. O jovem, porém, mesmo vindo com destaque no Pré-Olímpico, na Liga das Nações e campeão da Superliga com o Sesi, rechaça o protagonismo.
"Eu procuro chamar a responsabilidade, mas não jogo sozinho. Ali na quadra, eu sou tão importante quanto qualquer outro atleta", ponderou.
Convocado para disputar os Jogos Olímpicos pela primeira vez na carreira, Darlan garantiu que fará o melhor para ajudar o Brasil, apesar do nervosismo da estreia. O camisa 28 é tratado como um dos pilares das próximas temporadas pela Confederação Brasileira de Vôlei.
"Bate um friozinho na barriga, mas estou bem focado. É a realização de um sonho e vou aproveitar essa experiência da melhor forma possível", relatou.
Fora das quadras, os dois são muito unidos. O mais velho foi, inclusive, o responsável por apresentar o esporte ao irmão. "Eu não estaria aqui hoje se não fosse ele me incentivando. Foi o cara que me tirou de casa quando era criança e me levou para conhecer o vôlei. A gente se apoia o tempo todo. É um torcendo pelo outro e se zoando também, é claro, porque é nosso jeito", disse Darlan.
"Eu ficava perturbando para que saísse um pouco e encontrasse outras atividades. Se não, passava dias no quarto só jogando, e eu achava que ele poderia se encontrar no esporte", revelou Alan.
Dentro de casa, a mãe, Dona Aparecida, incentivou as carreiras e é uma das principais inspirações da dupla. Com o posto de maior torcedora dos meninos, também cobra quando necessário.
"Ela é totalmente coração. Quando tem que dar bronca, dá. Se eu errar bobeira em quadra, sei que vou ouvir. Gosto que seja assim. Somos muito parceiros e quero muito dar cada vez mais alegrias a ela e a minha família", afirmou Darlan.
"Uma alegria e um coração enormes. Somos isso em quadra porque tivemos em quem nos inspirar”, completou Alan.
Sob os olhares atentos da mãe Aparecida e de todos os brasileiros, os irmãos vão em busca do lugar mais alto do pódio nos Jogos de Paris. A Seleção masculina de vôlei está no Grupo B e terá pela frente Egito, Polônia e Itália - adversária da estreia, dia 27 de julho, às 8h (de Brasília).
Confira outras respostas de Alan e Darlan:
Chances de ouro do Brasil
"Hoje, podemos dizer que tem sete times em condições de ficar entre os três primeiros: Brasil, Itália, Estados Unidos, França, Polônia, Eslovênia e Japão. Além disso, tem a Argentina, que pode surpreender. Ninguém vai contestar o nível, porque são todas equipes fortíssimas. Viemos da Liga das Nações com muitos jogos e viagens seguidas. Por um lado, é parâmetro, porque jogamos demais, mas, por outro, mal tivemos descanso. A Olimpíada tem formato diferente. É uma competição de tiro curto e com certeza a motivação é outra. Vamos muito determinados a lutar por uma medalha, de preferência, a de ouro." (Alan)
"A disputa está muito equilibrada. A gente acredita na nossa capacidade como time, mas estamos cientes de que há várias seleções brigando lá em cima. A gente vai encarar uma batalha após a outra. Todos os times são nossos principais adversários nessa Olimpíada." (Darlan)
Apoio da família e contato com a mãe, Dona Cida
"No início, a família não acreditava muito que ia dar certo, mas eles nos apoiaram, porque sabiam que o esporte nos faria bem. Nem eu nem o Darlan imaginávamos que chegaríamos a essa magnitude, de sermos atletas da seleção brasileira. Mas tive muito apoio dos meus pais e dos meus tios, tanto financeiramente quanto emocionalmente. Com o tempo, as coisas foram dando certo e eu passei a retribuir esse suporte que eles me deram." (Alan)
"Sempre nos falamos, na medida do possível, no meio da correria das viagens. A minha mãe passou uns dias com a gente em Saquarema e foi muito legal receber aquela energia positiva antes de partirmos para a França." (Darlan)
*Reportagem do estagiário Theo Faria sob supervisão de Leonardo Bessa.
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