Por monica.lima

São Paulo - As cooperativas de crédito estão caminhando para se tornar cada vez mais parecidas com os bancos. De um ano para cá, o setor vem conseguindo apoio do Banco Central (BC) nesse sentido, e o próximo passo é compartilhar máquinas de autoatendimento. Existe atualmente três grandes sistemas de cooperativas de crédito — Unicred, Sicredi e Sicoob. A ideia é que as ATM de um sistema possam ser usadas por clientes de outro, assim como já acontece com bancos.

Segundo Leo Trombka, presidente nacional da Unicred, foram realizados estudos já apresentados ao BC pelo Conselho Consultivo de Crédito (Ceco) da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB). Trombka informa, contudo, que agora para sair do papel o projeto depende mais de os sistemas atualizarem suas tecnologias do que de qualquer outra coisa. Segundo ele, a partir de fevereiro isso já será possível. E o próximo passo será integrar as ATM das cooperativas às dos bancos.

“Já conseguimos autorização para emitir letras financeiras; agora queremos o compartilhamento de ATM e, mais para a frente, quem sabe captar recursos por meio de cadernetas de poupança — isso ainda está difícil, o BC já disse que por enquanto não é possível”, admite.

Segundo Trombka, para ampliar sua participação no crédito, as cooperativas precisam ter acesso a alguns dos mesmos mecanismos que tem os bancos, diz. “As cooperativas crescem o dobro do que crescem os bancos desde 2008, mas ainda não representam nem 3% do sistema financeiro nacional, em termos de ativos. Estamos muito longe da participação de dois dígitos que almejamos”, afirma.

Segundo Trombka, o BC está convencido de que é preciso incentivar o crescimento das cooperativas de crédito, por isso vem atendendo a alguns pleitos do setor para que o sistema se profissionalize e fique cada vez mais seguro.

Na semana passada, por exemplo, na abertura do VI Forum de Inclusão Financeira do Banco Central, o diretor do BC Anthero Meirelles anunciou novas medidas, entre elas a redução da exigência de capital para emprestar, o que, segundo Trombka, vai significar num aumento da capacidade de empréstimo das cooperativas. “A redução do índice de ponderação de risco de 85% para 75% vai liberar R$ 50 milhões de capital. Somando aos R$ 50 milhões que vamos captar por meio de letras financeiras, que também serão incorporados ao capital, são R$ 100 milhões a mais. Podemos emprestar cerca de vezes o nosso patrimônio”, explica. Somente no caso do sistema da Unicred, a oferta será ampliada em R$ 1 bilhão.

Trombka considerou os anúncios das novas resoluções e audiências públicas para o setor de cooperativas anunciadas pelo BC como muito positivas — mas admitiu que duas delas estavam fora do radar: a nova segmentação das cooperativas, por tipo de risco e não por categoria de associado; e a a criação das chamadas Sociedades Garantidoras de Créditos (SGC). Ambas as normas estão em audiência pública. A minuta sobre a SGC propõe a regras para cooperativas de crédito que tenham como objetivo principal a prestação de garantias em operações de crédito realizadas com micro e pequenas empresas (MPE).

Segundo o BC, a nova segmentação das cooperativas de crédito visa “refletir de forma mais adequada o perfil de risco dessas instituições e aplicar as regras prudenciais adequadas”. A proposta também aprimora as regras relativas ao processo de autorização e de cancelamento de autorização para funcionamento das cooperativas de crédito e possibilita que entidade de auditoria cooperativa (EAC) possa realizar auditoria independente. As condições de associação às cooperativas de crédito passam a ser livres, e as cooperativas passariam a ser classificadas em três classes, de acordo com as operações realizadas, conforme a complexidade, explicou Trombka.

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