Por monica.lima
São Paulo - As medidas para estímulo da economia e a velocidade com que estão sendo anunciadas pelo governo impressionam, mas não são suficientes para afastar o pessimismo sobre o ritmo de crescimento este ano. Para o economista-chefe do Santander Asset Management (SAM), Ricardo Denadai, o Produto Interno Bruto (PIB) deve ficar em zero e, se for algo diferente, há chances de ser um número negativo. A inflação deve superar o teto da meta. Mas, mesmo assim, o Brasil não irá perder o grau de investimento este ano.
De acordo com Denadai, o maior risco à atividade econômica é o racionamento de energia, que depois do “apagão” desta semana fez crescer a expectativa de que não será possível evitar o corte de energia. “A situação hídrica complicada pode levar ao racionamento de energia e nesse caso haverá consequências negativas sobre a atividade econômica de curto prazo. Por essa razão a expectativa é de PIB zero, mas com risco para baixo”, diz.
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Quanto à inflação, a estimativa é de fique ao arredor de 7%, muito por causa do desrepresamento dos preços administrados. “Isso é boa notícia no médio prazo. O fato de recompor tarifa, mostra um realismo do ponto de vista tarifário. Cria-se condição de ver a inflação diminuir no médio prazo”, diz o economista.
Por outro lado, Denadai está otimista quanto ao grau de investimento do País. “O ajuste fiscal terá uma consequência positiva que é não perder o investment grade em 2015. O governo ganha bastante tempo, é óbvio que tem muita execução que precisa entregar”, diz, referindo-se às medidas que o governo está adotando.
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Para a diretora da SAM, Luciane Ribeiro, a diversificação de investimento no exterior via fundos deve continuar crescendo neste ano. A implementação da nova instrução 409 da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que permite até 100% do patrimônio líquido fora do País, deve contribuir para o movimento. De olho neste segmento, a instituição pretende lançar novos fundos para os investidores de alta renda, além de um produto para acessar a “expertise de asset alocation” em Londres, que faz gestão de fundos de fundos.
De acordo com ela, o objetivo é oferecer acesso à arquitetura aberta internacional ao cliente private. “Esse é um negócio interessante e estamos discutindo o modelo. Provavelmente, será 100% no exterior.
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Vai ter diversificação em ações e irá acessar fundos de terceiros fora do Brasil”, diz, explicando ainda que o asset também pretende lançar um fundo de BDR. “Essa também é uma boa opção de diversificação, mas, claramente, este é o ano da renda fixa em função do retorno que está havendo na taxa de juro local”, diz, ressaltando, no entanto, que o crescimento da diversificação lá fora ainda será lento.
“O crescimento dos fundos que passaram a investir no exterior nos últimos 18 meses foi grande. Com 12% de juro é sempre um processo mais lento porque você tem que encontrar retorno acima de 12%, senão não faz sentido diversificar”, afirma.
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Luciane ressalta ainda que o mercado de Bolsa foi ruim em 2014 e deve continuar assim este ano. De acordo com ela, o investimento lá fora permite agregar um retorno adicional buscando alternativa de bolsa fora do Brasil. “Diversificação é o nome do jogo”, afirma.
Sobre a discussão do governo de possível tributação das letras de crédito imobiliária (LCI) e do agronegócio (LCA), a executiva lembra que o setor busca a isonomia para todos os produtos financeiros.“O governo deixa de arrecadar bastante recursos em função dessa isenção. Como o governo está falando em ajuste fiscal o tempo todo, é mais premente para para ele rever a dinâmica desses ativos. Acho que tributar é o mais provável”, estima.
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