Por bruno.dutra

São Paulo - Os resultados do HSBC no Brasil vem caindo ano a ano e, em 2014, entraram no vermelho. O banco divulgou ontem que registrou prejuízo de US$ 247 milhões no ano passado, depois de ter lucrado US$ 350 milhões em 2013 e US$ 1,2 bilhão em em 2012. O conglomerado com sede em Londres informou também queda de 17,2% no seu lucro global, para US$ 18,7 bilhões antes dos impostos — o lucro líquido foi ainda menor, de US$ 14,7 bilhões.

O presidente global do HSBC, Stuart Gulliver, atribuiu a má performance do banco às provisões elevadas ligadas a acusações de má conduta. O banco está sendo investigado na Suíça por acusação de acobertar contas secretas da sua unidade de private bank no país, sendo acusado de ajudar clientes milionários a sonegar impostos.

“Foi um ano desafiador”, disse Gulliver. “Continuamos a trabalhar duro para melhorar o desempenho do nosso negócio e administrando o impacto de um ambiente com custos operacionais mais elevados”.

O executivo disse que alegações sobre sua unidade baseada em Genebra, alvo de buscas por parte de autoridades suíças na semana passada e atualmente o objeto de um inquérito no Reino Unido, danificaram muito a imagem do banco.

“Vários de nós, inclusive eu, acreditam que as práticas do private bank no passado são fonte de vergonha e dano reputacional ao HSBC. Vergonha é o substantivo adequado a usar”, disse Gulliver.

O próprio Gulliver foi jogado no centro do escândalo no domingo quando o jornal britânico Guardian publicou que ele colocou milhões de libras no private bank suíço do HSBC através de uma companhia do Panamá.

Sobre a operação no Brasil, o executivo disse ontem que tanto os negócios no país quanto no México, Estados Unidos e Turquia tem “de 12 a 24 meses para se recuperar”. Gulliver afirmou a analistas que iria considerar dispositivos para simplificar e melhorar os retornos do banco, mas se recusou a dizer se o banco poderia vender as operações em qualquer um dos quatro países problemáticos. “Nós precisamos recuperá-los ou pensar em soluções mais extremas para o problema.”

Já o relatório “Annual Report and Accounts 2014” divulgado mais cedo foi mais ameno. Na página 367, o banco projeta uma melhora do desempenho da operação no Brasil dentro de cinco a oito anos, quando “prejuízos fiscais e outras diferenças temporárias serão substancialmente recuperados”. Na página 104, o banco disse que continua a implementar iniciativas para melhorar a rentabilidade futura, “enquanto enfrentamos pressões inflacionárias”.

Nesse sentido, o banco fechou 21 agências físicas no Brasil no ano passado. Em nota, a assessoria de imprensa informou que investiu mais de R$ 50 milhões na reforma e expansão da rede no ano passado. Ao mesmo tempo, o banco lançou no Brasil 60 agências digitais. “O objetivo em 2015 é chegar a 70 unidades no país”, diz o documento enviado ao Brasil Econômico.

A queda do resultado no Brasil foi atribuída ao fraco crescimento da economia, ao aumentos dos juros e dos custos operacionais com salários - além das despesas com provisões e outros ajustes contábeis. As receitas permaneceram praticamente estáveis aqui, em US$ 4,8 bilhões; e ficaram também estáveis no mundo, passando de US$ 61,9 bilhões em 2013 para US$ 62 bilhões em 2014. A carteira de crédito caiu no Brasil de US$ 26,7 bilhões para US$ 25,5 bilhões, e de US$ 992,1 bilhões para US$ 974,7 bilhões no mundo. Para o HSBC, a redução nas margens com crédito no Brasil é resultado da mudança de mix das carteiras, para linhas mais seguras. O banco também cita a queda das receitas com tarifas de devido à forte competição no mercado.

Com Reuters

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