Por douglas.nunes

O dólar voltava a subir com força ante o real nesta sexta-feira, com investidores buscando proteção em meio à turbulência política que vêm dificultando a aprovação de medidas para o reequilíbrio das contas públicas brasileiras.

A moeda norte-americana também avançava nos mercados externos, antecipando-se a uma possível sinalização do Federal Reserve na semana que vem de que a alta dos juros norte-americanos está próxima.

Às 10h55, o dólar subia 1,96%, a 3,2236 reais na venda, após subir em oito das últimas nove sessões e acumular alta de mais de 10 por cento desde o início do mês. Na máxima do dia, atingiu 3,2279 reais, alta de 2,10%.

"O nosso horizonte está muito ruim e, para piorar, tem as manifestações no fim de semana", disse o estrategista da corretora Coinvalores, Paulo Celso Nepomuceno, referindo-se aos protestos em favor do impeachment de Dilma. "O investidor estrangeiro diz: 'vou sair por enquanto e volto quanto tudo se resolver' e isso estressa o mercado".

A principal preocupação é que, à medida que a popularidade da presidente Dilma Roussseff cai e cresce a rebeldia na base governista no Congresso, torna-se cada vez mais custoso para o governo implementar as dolorosas medidas de ajuste fiscal e resgatar a credibilidade da política fiscal brasileira.

Essa perspectiva tem sido corroborada também pelos desdobramentos do escândalo bilionário de corrupção na Petrobras, que vem assustando investidores estrangeiros.

Os ruídos em torno do futuro do programa de intervenções diárias do Banco Central no câmbio completavam o quadro de apreensão doméstica. O BC vem vendendo swaps cambiais diariamente desde agosto de 2013 para oferecer proteção cambial e limitar a volatilidade, em um programa marcado para durar pelo menos até o fim deste mês.

Nesta manhã, o BC vendeu a oferta total de até 2 mil swaps pelas rações diárias, equivalentes a uma posição vendida de 97,5 milhões de dólares. Foram vendidos 1.050 contratos para 1º de dezembro de 2015 e 950 para 1º de março de 2016.

O BC fará ainda mais um leilão de rolagem dos swaps que vencem em 1º de abril, que equivalem a 9,964 bilhões de dólares, com oferta de até 7,4 mil contratos. Até agora, a autoridade monetária rolou cerca de 32 por cento do lote total.

FED

As incertezas domésticas têm garantido que o real venha se enfraquecendo mais do que seus pares emergentes em meio à onda global de compra de dólares em meio a expectativas de que o aguardado aperto monetário nos Estados Unidos deve ter início em breve.

"Os mercados de trabalho (norte-americanos) continuaram a melhorar e a inflação se estabilizou, cumprindo os critérios econômicos estabelecidos pelo Fed" para a alta de juros, escreveram analistas do Scotiabank em relatório.

Desde o início do ano, o dólar subiu cerca de 5 por cento contra os pesos mexicano e chileno, 7 por cento ante o rand sul-africano e 13 por cento contra a lira turca mas avançou em torno de 20 por cento em relação ao real.

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