Por monica.lima

São Paulo - O quadro instável de retração da economia e tensão política do país no primeiro trimestre do ano beneficiou o investidor especulativo e puniu o investidor conservador. Se o período de alta volatilidade nos mercados foi momento de cautela para alguns, para outros foi época de ganhar muito dinheiro, principalmente para o chamado investimento especulativo.

Nos três primeiros meses do ano quem investiu apostando contra o real, por exemplo, está ganhando de braçada. Até o dia 26 deste mês, o dólar valorizou 18,50%, perdendo apenas para o ouro, com variação de 19,38% no ano. Considerando que faltam apenas dois pregões para o final do trimestre, o ranking não deve sofrer grandes alterações.

Para o diretor executivo da Anefac, Miguel José Ribeiro de Oliveira, em geral o investidor vai para o dólar porque tem dívida no moeda estrangeira e faz um hedge para se proteger de eventuais pressões. “Empresas e pessoas físicas que vão precisar de dólar foram às compras. O dólar vai continuar elevado pois as preocupações seguem no radar”, afirma.

Oliveira ressaltou ainda que o investidor especulativo também aproveitou o momento de incertezas global para apostar contra o real. “Quem tem maior apetite por risco se deu bem. É claro que o investidor especulou e apostou contra o real”, diz.

De acordo com a consultora de investimentos da Órama Investimentos Sandra Blanco, o movimento da moeda reflete, principalmente, a recuperação da economia dos Estados Unidos (EUA). Além disso, os impasses sobre o rumo da economia brasileira, os desdobramentos da operação Lava-Jato e o risco de racionamento ajudaram a intensificar o movimento da divisa. “A alta do dólar dominou o mercado. Essa alta eu tinha pensado para o ano todo, foi além do que a gente esperava. Mas, o dólar é muito volátil e se as medidas forem tomadas e começarmos a ver os resultados da implantação dos ajustes, tudo pode mudar”, diz. Os fundos de investimentos no exterior e o cambial também foram destaques no período.

Oliveira avalia que o momento para a Bolsa é ruim mas diz que se houver boas notícias, as ações podem retomar o caminho da alta. O Até sexta-feira, o Ibovespa acumulava alta no ano de 0,17% no ano.

Para Sandra Blanco, a Bolsa tem apresentado um comportamento misto, com cada setor reagindo de uma forma ao noticiário. “Empresas que não precisam de crédito e são resilientes à economia atual estão se dando bem. Já as instituições financeira sobem com a alta dos juros básicos”, diz.

A executiva ressalta, no entanto, que o segmento de renda variável costuma antecipar movimentos. “Se o investidor perceber que as medidas que estão sendo tomadas estão na direção certa e o que o país vai voltar a crescer a partir do ano que vem, a credibilidade volta e a Bolsa pode começar a antecipar este movimento”, prevê. Ela lembra que há três anos a bolsa americana subia, enquanto a economia do país estava péssima. “Eles enxergaram este movimento. A recuperação lá parece estar acontecendo e os ganhos da bolsa já aconteceram. A bolsa norte-americana já está no limite”, diz.

Quanto à renda fixa, a expectativa de mais alta da Selic deve contribuir para elevar um pouco a rentabilidade nos próximos meses. “É um investimento com menor risco, mas com boa rentabilidade. Pode subir mais”, estima.

Você pode gostar