Por diana.dantas

As captações da indústria de fundos de investimentos no primeiro trimestre deste ano registraram resultado negativo de R$ 2,67 bilhões, o pior saldo para um primeiro trimestre de toda a série histórica, que teve início em 2002. Os dados foram divulgados pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima).

De acordo com a diretora da Anbima Luciane Ribeiro, o cenário econômico muito volátil no primeiro trimestre, com desvalorização do câmbio e variáveis externas, levaram ao desempenho ruim no período. “Estamos vivenciando um momento de alta volatilidade nos mercados, com resgates pulverizados nos fundos de maior risco. No entanto, nossa perspectiva para o ano é positiva, pois teremos a partir de julho a nova instrução da CVM, a 555, que nos ajudará a ter uma indústria ainda mais transparente e competitiva neste cenário”, afirma.

Luciane ressalta que o ambiente de incertezas e maior aversão ao risco favoreceram os fundos de curto prazo, que registraram captação líquida de R$ 9,32 bilhões no período, seguido do renda fixa, com R$ 6,85 bilhões, e referenciado DI, com R$ 5,28 bilhões. Já os multimercados apresentaram a captação negativa de R$ 18,5 bilhões. O patrimônio líquido da indústria alcançou R$ 2,7 trilhões, com 14,5 mil fundos.

Já quando considerado a rentabilidade, os multimercados foram os que apresentaram o melhor retorno no período. O multimercado macro registrou rentabilidade de 8,52%, seguido pelo multimercado estratégia, 7,23% e o multimercado multigestor, 4,26%. Na renda fixa, também foram registrados retornos expressivos, com o renda fixa índices liderando, com rentabilidade de 3,54%, seguido do renda fixa (3,16%) e referenciado DI (2,85%).

Para Luciane, o segmento já começou a dar sinais de recuperação este ano e deve intensificar o movimento no segundo semestre. “Iniciamos abril melhor. O cenário externo trouxe variáveis importantes, como a questão da elevação dos juros nos EUA, que deve ficar mais para o final de 2015. Além disso, o governo está comprometido com o ajuste. Estamos mais otimistas daqui para o final do ano. Acreditamos que vamos continuar tendo anos positivo de captação líquida”, avalia, ressaltando ainda que a partir do momento que o cenário por mais positivo, o fluxo de recursos começa a voltar. “O Brasil tem taxa de juro real e nominal atrativa e deve atrair o investidor”, avalia.

Esta também é a percepção do vice-presidente de Investimentos da SulAmerica, Marcelo Mello. Ele concorda que o ano começou mais tímido, no entanto, isso deve mudar ao longo do ano à medida que o cenário for ficando mais positivo. O executivo destacou cinco riscos que estão no radar da SulAmerica na hora de decidir sobre alocação dos investimentos: racionamento de energia, antecipação da alta de juros nos EUA, rebaixamento da classificação de risco da dívida brasileira, risco de crédito em função da operação Lava Jato e crescimento chinês.

Mello acredita que a renda fixa ainda é a melhor opção ao longo do ano, principalmente os investimentos em pré-fixados. No entanto, ele não descarta a renda variável. “Para quem tem perfil para mais risco, estamos sugerindo renda variável”, diz, ressaltando que a Bolsa está no menor nível em dólares em cinco anos. “É o gringo que deve pegar este momento da renda variável. Os brasileiros são mais céticos”, diz, acrescentando ainda que é hora de montar posição.

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