Por monica.lima

O gigante global HSBC, com sede em Londres e espalhado em mais de 70 países, está perto de sair do mercado de varejo no Brasil. Na sexta-feira passada, fontes disseram ao jornal britânico Financial Times que o banco encerrará operações em mercados emergentes, começando pelo Brasil e Turquia. O alvo principal da venda seriam os bancos de varejo nesses países e o que sobrasse seria reduzido.

O HSBC está sendo investigado na Suíça, na França e no Brasil, acusado de acobertar contas secretas da sua unidade suíça de private bank e de ajudar clientes milionários a sonegar impostos.

Questionado sobre a possível saída do varejo bancário brasileiro, o HSBC Brasil disse, por meio de sua assessoria de imprensa, apenas que não comentaria rumores de mercado.

Para sair do Brasil, o HSBC precisa encontrar um comprador para suas operações. O HSBC entrou no Brasil em 1997, por meio da compra de ativos do Bamerindus, que estava sob intervenção do Banco Central. O banco já tinha comprado uma participação de 6,14% no Bamerindus em 1995. O Bamerindus tinha sede em Curitiba — onde foi mantida a sede do HSBC até hoje — especializado em financiamentos a produtores rurais. Tinha quase 1.300 agências, além de seguros, leasing e títulos de empresas.

Em 2003, o HSBC comprou as operações brasileiras de Lloyds TSB, que incluía suas operações corporativas e atacado, uma pequena rede de varejo, e a Losango, um negócio de financiamento ao consumo, bem como alguns ativos offshore. O preço de compra foi de US$ 815 milhões. O banco esteve perto de vender a Losango por várias vezes mas não fechou o negócio.

O HSBC Brasil atua em 531 municípios brasileiros, com 853 agências, 452 postos de atendimento, 669 postos de atendimento eletrônico e 1809 ambientes de autoatendimento, com 4728 caixas automáticos. No ano passado, o HSBC fechou 21 agências no Brasil, abriu novas unidades só digitais, e terminou 2014 com R$ 145,7 bilhões de ativos no país, dos quais a metade são empréstimos.

A possibilidade do banco sair do Brasil já foi aventada este ano pelo próprio presidente global da instituição, Stuart Gulliver. Ao anunciar o resultado do banco no ano passado em fevereiro, afirmou os planos e metas estipulados antes de 2011 não eram mais factíveis e estavam sendo revistos. Gulliver disse que tanto os negócios no Brasil quanto no México, Estados Unidos e Turquia têm “de 12 a 24 meses para se recuperar, ou pensar em soluções mais extremas para o problema”.

“Vamos continuar o trabalho que começamos em 2011, de simplificar o grupo para torná-lo mais fácil de administrar e controlar”, disse Gulliver na ocasião. O lucro do banco caiu de US$ 17,8 bilhões para US$ 14,8 bilhões no ano passado, puxado pela nova queda das receitas da área de varejo, “devido ao processo de reposicionamento desse negócio”.

No Brasil, o HSBC teve prejuízo de mais de R$ 440 milhões no ano passado, depois de um lucro de R$ 393 milhões em 2013. As receitas do HSBC aqui caíram, de US$ 5,4 bilhões para US$ 4,8 bilhões — mas também caíram na França e Estados Unidos, assim como em outros países emergentes. A exceção é Hong Kong e Reino Unido.

Gulliver havia dito que 2014 foi desafiador e os lucros, decepcionantes, em boa parte devido ao aumento dos custos regulatórios. Ele também assumiu que as provisões elevadas ligadas a acusações de má conduta tiveram grande responsabilidade na queda dos resultados. Com agências

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