São Paulo - As concessões de financiamentos imobiliários com recursos da poupança fecharam março em R$ 8,5 bilhões segundo a Abecip, entidade do setor. O montante representa uma recuperação em relação aos R$ 6,4 bilhões de fevereiro. Mas mostram claramente que a poupança não é mais a grande financiadora de imóveis no país.
A participação desses recursos no total de crédito imobiliário concedido em março corresponde a 40% do total de R$ 20,3 bilhões informados pelo Banco Central (BC) - esse valor inclui, além de financiamentos com recursos da poupança, os realizados com dinheiro do FGTS. Em dezembro de 2013, a poupança representava 80%.
A modificação no mix de recursos que financiam imóveis no país já vinha ocorrendo mas se intensificou nos últimos seis meses, na medida em que a captação das cadernetas começou a cair. Desde então, a Caixa vem dando mais empréstimos de cunho social, com recursos do FGTS, e os bancos privados vem recorrendo mais a outros instrumentos, como as Letras de Crédito Imobiliário (LCI) e Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI). Mas os financiamentos imobiliários com funding FGTS podem ser oferecidos por qualquer agente financeiro. Os programas são Carta de Crédito FGTS, Pró-cotista, Carta de Crédito Associativo e Material de Construção, segundo informou a Caixa.
A Caixa é líder em crédito imobiliário, com 68% das operações em dezembro de 2014, o equivalente a R$ 303,5 bilhões. No último semestre, a Caixa foi responsável por 47,7% da captação líquida e 35% do saldo da poupança no país: R$ 221 bilhões. Os números do banco relativos ao primeiro trimestre deste ano ainda não foram divulgados.
A Abecip mostrou ainda que no primeiro trimestre, foram destinados R$ 24,1 bilhões à aquisição e construção de imóveis, resultado 4,6% inferior ao do mesmo período do ano passado.
No período acumulado de 12 meses até março, o volume de empréstimos para aquisição e construção de imóveis com recursos das cadernetas de poupança no Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) alcançou cerca de R$ 112 bilhões, inferior em 2% ao apurado nos 12 meses precedentes.
Já o volume total de recursos aplicados em cadernetas de poupança registrou elevação de 7% se comparado aos saldos de março do ano passado, encerrando o mês em R$ 512,3 bilhões. Mas a captação líquida está negativa em R$ 18 bilhões neste ano.
A queda na captação da poupança foi sentida mais fortemente pela Caixa. Para desestimular a demanda, o banco público vem tomando uma série de medidas desde janeiro, quando subiu as taxas para financiamentos de imóveis dentro do SPBE — estratégia que foi repetida agora em abril. Além disso, reduziu o percentual financiado em imóveis usados. E centrou foco nos programas sociais na 11ª edição do seu Feirão.
Os financiamentos imobiliários podem ser oferecidos com recursos de diversas fontes no Brasil. Além de poupança e FGTS, há ainda o FAT e Fundo de Arrendamento Residencial Fundo de Desenvolvimento Social e programas de repasses do Orçamento Geral da União. Nenhuma desses, porém, estão nas estatísticas do BC.
No Sistema Financeiro da Habitação (SFH) são utilizados recursos da caderneta de poupança, do FGTS e do FAT para financiamento de imóveis residenciais com avaliação de até R$ 750 mil, conforme o programa de crédito adotado. No Sistema de Financiamento Imobiliário (SFI) são utilizados recursos do SBPE e recursos livres das próprias instituições financeiras para o financiamento de imóveis residenciais e comerciais, sem limite máximo de avaliação.