Por douglas.nunes

O HSBC voltou ontem a dar pistas de que suas unidades deficitárias - Brasil, México, Turquia e Estados Unidos - estão à venda. Segundo fontes ouvidas por Brasil Econômico, que preferem não se identificar, a compra seria realizada por um consórcio de bancos, que pode envolver Santander, o maior banco da zona do euro e terceira maior instituição privada no Brasil, e outros estrangeiros, possivelmente o Royal Bank of Scotland (eles se associaram em 2007 para comprar o ABN Amro, então dono do Real no Brasil) e o canadense Scotiabank. O Santander já disse repetidas vezes que tem capital de sobra para aquisições. Além disso, o HSBC herdou uma operação de relacionamento com o agronegócio que o Santander cobiça.
Bradesco também estaria interessado pois a rede do HSBC devolveria o banco ao posto de maior privado, à frente do Itaú. Este, por sua vez, estaria interessado na unidade mexicana do HSBC. “Estamos sempre olhando várias oportunidades, temos ambição de continuar crescendo na América Latina”, disse ontem o diretor de relação com investidores do banco, Marcelo Kopel, sem se referir explicitamente ao HSBC.|

A sinalização de que estaria decidido a vender as unidades deficitárias veio de novo do presidente executivo mundial do grupo, Stuart Gulliver. Em teleconferência a jornalistas ontem para divulgar o lucro global (que ficou em US$ 5,7 bilhões, alta de 3,3% ), Gulliver citou Brasil, México, Turquia e os EUA entre os mercados que o banco pode deixar de atuar. O HSBC vai atualizar os investidores sobre sua estratégia em reunião marcada para 9 de junho.
Gulliver já havia dito, ao comentar os resultados de 2014, que as divisões que não oferecem retornos suficientes podem enfrentar “soluções extremas”. A filial brasileira do HSBC deu prejuízo de R$ 549 milhões em 2014.

O HSBC entrou no Brasil em 1997 comprando o Bamerindus, especializado em financiamentos a produtores rurais. Tinha quase 1,3 mil agências, além de seguros, leasing e títulos de empresas.

Em 2003, o HSBC comprou as operações brasileiras do Lloyds TSB, que incluía suas operações corporativas e atacado, uma pequena rede de varejo, e a Losango, um negócio de financiamento ao consumo, bem como alguns ativos offshore. O preço de compra foi de US$ 815 milhões. O banco esteve perto de vender a Losango por várias vezes mas não vendeu.
O HSBC Brasil atua em 531 municípios brasileiros, com 853 agências, 452 postos de atendimento, 669 postos de atendimento eletrônico e 1809 ambientes de autoatendimento, com 4728 caixas automáticos. No ano passado, o HSBC fechou 21 agências no Brasil, abriu novas unidades só digitais, e terminou 2014 com R$ 145,7 bilhões de ativos no país, dos quais a metade são empréstimos.

O HSBC está sendo investigado na Suíça, na França e no Brasil, acusado de acobertar contas secretas da sua unidade suíça de private bank e de ajudar clientes milionários a sonegar impostos.

Ontem, Gulliver disse ainda que a Autoridade de Conduta Financeira britânica pediu informações sobre seu private bank na Suíça e admitiu que controle ficou aquém dos padrões de qualidade no passado, após acusações de que ajudou milhares de clientes ricos a sonegarem impostos.

O presidente do banco no Brasil, André Guilherme Brandão, disse ontem que o grupo britânico possui a política de colaborar com autoridades e que não tem acesso a informações detidas por subsidiárias do grupo em outros países.

Em audiência da CPI no Senado que investiga contas de brasileiros envolvidos no caso conhecido como “Swissleaks”, Brandão afirmou que o HSBC têm tomado medidas para prevenir crimes.

Com agências

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