Falta de cultura, pouco conhecimento e baixa punição são alguns dos motivos que impedem a implantação de uma boa gestão de risco dentro das empresas. Desde o início do escândalo de corrupção da Petrobras, no ano passado, este tema ganhou maior relevância e entidades e empresas estão buscando transformar o processo em algo eficiente e que agregue valor à companhia.
A superintendente de Conhecimento do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), Adriane de Almeida, explica que já foram feitos alguns avanços, mas não tão significativos e que ainda falta muito para as companhias terem boa gestão de risco. Ela ressalta que ainda existe uma barreira cultural onde as pessoas têm dificuldades de falar sobre seus erros. Além disso, ela observa que muitos administradores não entendem de fato o assunto, e acabam delegando para outros profissionais. “Ainda temos muito para ser discutido e implantando”, afirma.
Adriane lembra que mesmo no caso da operação Lava Jato, várias empresas que estão envolvidas têm processos de gestão de risco, compliance e governança corporativa. Isso mostra que os programas não estão sendo eficientes. Para a superintendente, para os processos se tornarem eficientes eles precisam vir de cima para baixo. “O conselho tem que patrocinar, tem que ter educação e também uma boa forma de denuncia, um canal efetivo e sigiloso, dentro ou fora da empresa, onde as pessoas se sintam estimuladas e seguras a fazerem a denuncia”, diz, acrescentando ainda que “a gestão tem que ser boa, não adianta ter se não é eficiente. A mesma coisa com compliance, se a empresa não tem política, não tem mecanismos”.
A superintendente lembra ainda que a Sadia foi um dos primeiros casos em que os administradores foram multados, mas ela pondera que os profissionais ainda estão tomando consciência de suas responsabilidades e consequências. “É muito importante que os administradores percebam que a coisa é séria. Estamos num momento de melhora dessa percepção de responsabilidade e do risco que o administrador está correndo”, diz.
Além disso, Adriane ressalta outro ponto importante, a geração de valor. De acordo com ela, à medida que a empresa consegue reduzir os riscos e as incertezas é possível se ter mais certeza sobre o fluxo de caixa. “O investidor consegue saber o fluxo de caixa que vai realizar. A gestão de risco é uma oportunidade de geração de valor. Quando você consegue medir ou mitigar o risco você consegue desenvolver iniciativas que trazem valor para o negócio”, afirma. Ela cita o exemplo de uma empresa que estava preocupada com o custo da energia, resolveu fazer um levantamento e descobriu que podia mudar a matriz energética. “Houve uma grande redução de custo. À medida que você controla o risco você também abre espaço para assumir novos riscos”, pondera.
No próximo dia 21, o IBGC irá realizar a 3ª edição do Encontro de Conselheiros e o tema principal será “Conselho de Administração e Gestão de Riscos”.