O número de consumidores inadimplentes está apresentando consecutivas altas em 2015. Segundo o banco de dados do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), cerca de 600 mil consumidores foram incluídos em listas de devedores negativados entre março e abril. Com este resultado, já são mais de 55,3 milhões de devedores, número equivalente a 37,9% da população ou quatro em dez brasileiros entre 18 e 95 anos.
O indicador de dívidas em atraso apurado pelas instituições apresentou, em abril, um aumento de 2,83% em relação a março — o maior crescimento para o mês desde o começo da série histórica, em 2010. Na comparação com abril do ano passado, houve alta de 5,02%, o que mostra uma aceleração, já que em março a alta havia sido de 3,46% em relação ao mesmo mês de 2014.
A variação mensal do número de dívidas em atraso teve como destaque as pendências em atraso entre 90 e 180 dias, que avançaram 6,99%, e as dívidas com até 90 dias de atraso, que cresceram 5,71%.Em relação a abril de 2014, a faixa que registrou maior variação foi das dívidas com 3 a 5 anos de atraso, com aumento de 14,59%.
O número de devedores também teve alta em abril, tanto na comparação mensal quanto anual. Em relação ao mês anterior, a base de inadimplência avançou 1,16%. Já na comparação com abril do ano passado, a alta foi de 3,77% — muito similar aos 3,76% verificados em março de 2015 ante o mesmo mês do ano anterior.
Segundos os economistas do SPC Brasil, os dados apurados mostram que a pressão exercida pela alta da inflação, pelo aumento das taxas de juros e pela piora dos indicadores econômicos, como renda e emprego, se sobressaíram à queda na base de crédito da economia, resultando no avanço no número de devedores.
“Os bancos passaram a ser mais rigorosos na hora de conceder financiamentos, mas com o desemprego atingindo níveis mais altos e a inflação subindo, o consumidor fica com maior dificuldade para pagar suas pendências”, explicou Honório Pinheiro, presidente da CNDL. “A aceleração da inflação faz com que o planejamento financeiro seja prejudicado, já que há perda constante do poder de compra. Além disso, a escalada nas taxas de juros encarece as parcelas”, completou.
Dívidas no segmento de comunicação lidera atrasos
O detalhamento da pesquisa do SPC Brasil e CNDL mostra que o segmento de comunicação lidera a alta anual do número de pendências: em abril, o setor apresentou um aumento de 12,10% do total de dívidas. No entanto, a segunda maior variação, que vinha sendo registrada pelo segmento de água e luz, foi substituída pelo setor de bancos, cuja variação anual foi de 7,53%. O comércio, por sua vez, recuou 0,32%. No total de dívidas em atraso, o segmento de bancos continua liderando com 48,43% de participação. Em seguida, aparece o Comércio, com 20,10%, e Comunicação, com 15,23%.