Por douglas.nunes

A renda fixa continua sendo um das maiores opções dos investidores este ano, mas é possível encontrar boas oportunidades em outros segmentos, como o de renda variável, avalia o presidente da presidente do BB DTVM, Carlos Massaru Takahashi. De acordo com ele, a Europa também pode proporcionar bom retorno aos investimentos. Massaru, que também é vice-presidente da Anbima, avalia que o fundo simples, que entrará em vigor com a nova Instrução 555, da CVM, deve contribuir para alavancar a base de clientes investidores.

O segmento de renda fixa vem ganhando espaço entre as opções de investimentos. Quais os outros segmentos que devem ser considerados?

Este é um ano muito mais de renda fixa, mas mesmo neste segmento é preciso ter bastante cuidado. Procuramos alertar os investidores sobre a volatilidade, tanto no mercado de renda fixa, como na renda variável. Se considerarmos a taxa de juro e como a inflação vem se comportando, esse produto tem boa rentabilidade. No campo da renda variável, quando observamos alguns produtos específicos, há oportunidades, como os fundos setoriais, que têm possibilidade de retorno interessante em razão das oscilações e também do nível que a Bolsa chegou no segundo semestre de 2014. Tem uma porção de drivers, mas tem que estar atendo à volatilidade.

O investidor qualificado também deve ficar de olho na renda variável?

A tendência de diversificação para o investidor qualificado é, principalmente, renda variável. Temos produtos com este perfil no exterior.

E lá fora, as melhores opções estão nos Estados Unidos, Europa ou Ásia?

Temos visão de que a Europa continua tendo boas oportunidades. Os Estados Unidos, obviamente, continuam, tem um ou outro indicador que traz dúvida sobre a velocidade de crescimento da economia, mas ainda existem algumas oportunidades. Mas, como diz o mercado, os EUA já andaram um pouquinho mais. A Ásia é bastante independente. O Japão é um pouquinho mais do mesmo, a China faz um esforço grande para retomar o crescimento, a expectativa é mais modesta. A atenção deve estar mais voltada para os países desenvolvidos.

A nova regulação da indústria de fundos está prevista para entrar em vigor no dia 1º de julho. Vocês já estão preparando novos produtos para lançar junto com a Instrução 555?

O principal investimento do BB DTVM está sendo deixar o fundo simples pronto para entrar no ar junto com a nova 555. Vemos uma oportunidade maior neste segmento, é uma alternativa de diversificação para quem já investe. A gente quer aumentar a base de investidor e o produto mais adequado é o fundo simples. Ele irá sair com taxa de administração e tíquete de entrada competitivos e com todas as vantagens que a norma permite. É um fundo para canais eletrônicos.

Os canais eletrônicos são opção do BB DTVM?

A utilização de canais eletrônicos está muito alinhada com o investimento que o banco tem feito no sentido de criar facilitadores do uso dos meios eletrônicos. Temos feito investimento grande nesses canais e vai coincidir com o advento da nova norma da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). A base de clientes totais é grande, mas com investidor a base é pequena e tem potencial muito grande.

Vocês pretendem aproveitar a nova Instrução 555 para desenvolver produtos com foco no exterior?

Vamos continuar tendo produtos lá fora. Vamos fazer dois movimentos. Primeiro já estamos fazendo revisão do portfólio. A ideia é ter um portfólio mais eficiente. Estamos olhando tudo isso em conjunto e verificando cada segmento de cliente para que possamos fazer oferta adequada de produtos para cada um. Também iremos fazer a readequação dos produtos. Hoje, na atual regulação, quando vai para o exterior o produto só pode ter 20% de participação lá fora, vamos ampliar para 40% como a nova regra permite. O passo seguinte, é que vamos olhar quais produtos fazem sentido para completar a nossa prateleira.

E fundos estruturados, a BB DTVM tem interesse de atuar neste segmento?

Sim, nós vamos atuar. Já temos iniciativas com o Banco Votorantim e, num curto espaço de tempo vamos desenvolver novos produtos para cobrir esta lacuna.

Com a menor disposição do BNDES para financiar o segmento de infraestrutura deve haver maior oportunidades de negócios?

A gente vê oportunidade. Até pelos incentivos, tem oportunidade bastante interessante. A gente espera que uma vez definida as concessões, voltem as emissões de ativos atrelados à infraestrutura. Vamos desenvolver produtos nesta linha. Temos duas experiências bem sucedidas, o único fundo de infraestrutura foi lançado por nós e o Votorantim. O fundo foi totalmente investido e está funcionando normalmente. E temos um FIP de energia sustentável, também bem sucedido. À medida que novas regras sejam estabelecidas e as novas concessões venham, esperamos que essa experiência nos ajude a lançar novos produtos. Há espaço para colocação.

Os fundos da BB DTVM já estão enquadrados na nova classificação da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) que faz parte da Instrução 555?

Estamos trabalhando dentro dos prazos, e o BB DTVM vai estar absolutamente pronto dentro dos prazos estipulados pela Anbima e pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

A Anbima entrou com pleito na CVM para adiar a entrada da nova Instrução 555 de julho para outubro, vocês têm alguma pendência?

Está tudo dentro do cronograma, mas existem diversas condições, com complexidade grande de transição, e o que a gente quer é a regulação e a auto-regulação preparadas para verificar se o mercado está cumprindo o que está estabelecido, todos os agentes de mercado tem que estar prontos para isso.

Se não houver adiamento, vocês vão estar preparados?

Sim, vamos ter que estar preparados para isso.

Na semana passada, durante congresso da Anbima, o presidente da CVM, Leonardo Pereira, disse que foi criado um comitê para fazer um prognóstico de risco de shadow banking. Há algum risco no setor?

Eu acho que é uma discussão extremamente importante, especialmente porque é um olhar que vem bastante forte dos EUA. Temos que lembrar que, do ponto de vista bancário e do ponto de vista de mercado de capitais e, particularmente da indústria de fundos, o nível de regulação que temos por aqui é bastante forte. Os níveis de alavancagem que a indústria brasileira trabalha são bastante modestos. Aqui, você tem uma série de quesitos que diferencia bastante a nossa indústria da de outros países. É claro que a gente se preocupa de como essas questões vem para cá e de que forma elas podem trazer uma exigência maior por parte dos participantes do mercado, mas temos convicção de que o arcabouço que a indústria de fundo brasileira trabalha é bastante sólida e consistente.

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