Por monica.lima

São Paulo - A expectativa de retração de mais de 1% do Produto Interno Bruto (PIB), o aumento do desemprego e a queda da renda não devem impedir que o setor de cartões de crédito volte a registrar expansão anual de dois dígitos. A estimativa é do diretor executivo da Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs), Ricardo Vieira.

Para o executivo, a expansão deste ano deve situar-se entre 10% e 11%. “Lógico que pode oscilar um pouco. Emprego é uma variável importante, mas não estamos vendo um sobressalto, nenhuma grande preocupação. Está andando, está comportado”, diz, ressaltando ainda que setor já registrou crescimento entre 18% e 19% em anos anteriores.

Em maio as operações com cartões de crédito registraram crescimento de 9,1% ante o mesmo período de 2014, atingindo R$ 156,6 bilhões. Na comparação mensal a expansão foi de R$ 1,5%. O volume de crédito destinado à pessoa física somou R$ 1,45 trilhão em maio, um aumento de 0,6% sobre abril e de 11,2% na comparação anula. Desse total, os recursos livres movimentaram R$ 789,4 bilhões, avanço de 0,5% ante abril e de 4,6% em 12 meses. Os dados foram divulgados pelo Banco Central e analisados pela Abecs.

A participação do saldo dos cartões em relação ao volume total de crédito de recursos livres à pessoa física subiu de 19% para 19,8%, entre maio de 2014 e maio de 2015, revelando um crescimento na utilização dessa linha de crédito.

Vieira destacou o crescimento das operações sem juros como um indicativo de que o consumidor está cada vez mais consciente sobre o uso do plástico. No mês passado, o saldo de cartões em operações sem juros cresceu 8,3% em relação ao mesmo período de 2014, chegando a R$ 112,1 bilhões, esse montante representa 71,6% de todo o volume de cartões de crédito no mês. Isso significa que o consumidor usa cada vez mais o cartão como meio de pagamento e financiamento, em compras à vista e parceladas, sem pagar juros.

Já as operações com juros atingiram R$ 44,5 bilhões, o que representa 28,4% do saldo de cartões. O uso dos cartões com juros vem declinando gradativamente ao longo do período analisado.

O índice de inadimplência dos cartões de crédito apresentou uma leve alta em maio, fechando em 7,3%, permanecendo entre os menores patamares da série histórica. “Está menor do que estava há dois anos e deve se manter neste patamar, muito em linha com a pessoa física”, avalia.
De acordo com Vieira, cerca de 84% das pessoas que usam o cartão de crédito pagam integralmente a fatura. “Não muda neste momento. Se perder o emprego, pode até acontecer mas, na prática, o cliente procura pagar integralmente a fatura”, diz.

Ainda segundo o executivo, de 7% a 8% das pessoas pagam o valor mínimo e financiam o restante. Ele lembra que no levantamento do BC o prazo médio do rotativo continua sendo de 18 dias e concorda que as taxas cobradas nos cartões de crédito são altas. “Sim, o juro é alto porque é uma linha emergencial e o cliente usa, em média, 18 dias por mês”, diz.

Segundo a pesquisa do BC, a taxa cobrada no rotativo ficou em 360,6% ao ano ante 347,5% ao ano em abril. Já no parcelado, a taxa passou de 114,6% para 115,9% ao ano. O movimento reflete o aperto monetário que a autoridade monetária está promovendo para tentar impedir o avanço da inflação. Na última reunião do colegiado, o BC elevou a Selic para 13,75% ao ano. Na quarta-feira, após a divulgação do relatório de inflação o mercado passou a dar como certa um novo aumento da taxa de 0,50 pontos porcentual, para 14,25%. No entanto, o mercado diverge sobre qual será a Selic no final do ano.

Ainda segundo o BC, as concessões no cartão de crédito para compras à vista — com prazo de até 40 dias para pagamento da fatura – e parceladas sem juros apresentaram crescimento de 7,9%, movimentando um total de R$ 57,8 bilhões no mês de maio. Com esse desempenho, o cartão de crédito apresentou o maior crescimento dentre todas as carteiras pessoa física (recursos livres) no período, que cresceram na média 1,3%.

De acordo com o executivo, se o setor mantiver este ritmo de alta tende a terminar o ano como a terceira maior carteira de crédito pessoa física. “Este ano ou, o mais tardar em meados de 2016, o setor deve atingir esta posição”, estima.

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