Por marta.valim

* Por Alessandra Taraborelli

O volume de financiamento de projetos de longo prazo este ano pode superar o resultado de 2013, de R$ 19,8 bilhões. A estimativa é do presidente do comitê de Financiamento de Projetos da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiros e de Capitais (Anbima), Sergio Heumann. De acordo com ele, em 2012 e 2013, os maiores projetos registraram cerca de R$ 3 bilhões e, para este ano, a expectativa é de entrada de um projeto de R$ 6 bilhões no ranking. “Minha impressão é de que o volume será maior do que o ano passado. Mas é difícil fazer projeções uma vez que as estatísticas estão sujeitas a distorções causadas por megaprojetos”, explica.

É o que ocorreu em 2013, que apresentou um volume 53% menor do que o de 2012 — que atingiu um valor recorde de R$ 42 bilhões, de acordo com a série histórica iniciada pela Anbima em 2008. Esse número só foi possível em razão do projeto de Belo Monte, que sozinho envolveu um financiamento de R$ 22,5 bilhões. “O resultado de 2013 foi desvirtuado por causa de Belo Monte. Se tirarmos esse evento, os dois anos apresentaram crescimento similar. Belo Monte foi um ponto fora da curva”, disse durante conference call com jornalistas para divulgar o balanço de financiamento de projetos referente a 2013.

Com relação ao detalhamento da dívida dos projetos por setores, mais uma vez, Energia (24) e Transporte e Logística (6) foram os destaques. Esses setores repetirão a performance este ano só que, dessa vez, transporte e logística deve liderar o ranking, em virtude dos aeroportos licitados, rodovias e mobilidade urbana. Heumann observa que as obras relacionadas à Copa do Mundo não tiveram impacto no ranking. “O efeito é reduzido. Os estádios ficam fora do ranking da Anbima porque têm grande risco de demanda e exigem garantias até o vencimento do financiamento. Não dá para saber a receita de público”, disse.

Mais uma vez, foi observado o crescimento das operações de repasse do BNDES, que responderam com 48% do total, em detrimento da menor participação das operações diretas, que caiu de 57% em 2012 para 27,9% em 2013 e também da redução dos financiamentos bancários (de 25,8% para 12%). Por outro lado, o mercado de capitais vem ganhando espaço e sua participação cresceu de 2% em 2012 para 8% em 2013, embora a participação ainda esteja bem longe do maior valor da série, de 32% em 2010, essa tendência é considerada saudável para o país. “O financiamento do BNDES é grande, mas não suficiente para cobrir todos os projetos.

O mercado de capitais é a alternativa para prover financiamento e não tem impacto na dívida pública do País”, avalia. Além disso, o executivo lembra que existem segmentos e que o BNDES não financia, como a compra de importados ou a aquisição de terreno que, nestes casos, a debênture cobriria. “A debênture tem amortização flexível e o pagamento é feito mais adiante. É importante para compor a cobertura do BNDES. Quando o acionista compõe o financiamento com debêntures consegue maior alavancagem. O BNDES tem incentivado debêntures”, disse. Heumann revela também que o BNDES tem reduzido a participação máxima em projetos, abrindo, dessa forma, espaço para a participação de debêntures.

A menor participação dos bancos privados é contrabalançada pela elevação dos recursos repassados de financiamento do BNDES. Heumann observa que muitos acionistas têm optado por fazer 100% do financiamento por repasse para ter mais poder de negociação das garantias junto aos bancos privados. “O BNDES tem regras mais rígidas. O banco privado que está fazendo o repasse não tem essas regras e o esquema de garantia é menos rígido. Muitas vezes, o acionista prefere o financiamento indireto para negociar mais livremente com o financiador privado”, explica.

O executivo disse ainda que os bancos privados têm as regras da Basileia 3 como um fator restritivo. “Quando o banco empresta por longo prazo a exigência na Basileia 3 é alta e por isso tem que cobrar taxa alta, o que encarece (o empréstimo) no longo prazo. Reduzir prazo de financiamento é inviável”, disse.

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