Um mês após confirmar a compra da Clear Corretora, o apetite da XP Investimentos não diminuiu e a empresa planeja novas aquisições no segmento de corretoras e de bancos. Segundo o presidente da XP, Guilherme Benchimol, no mercado de corretagem, o modelo de negócio será através da aquisição de carteira de clientes de corretora que esteja com algum tipo de dificuldade.
De acordo com ele, há algumas corretoras que estão com as margens apertadas em razão do baixo volume de negócios dos últimos anos. "O mercado está difícil, têm corretoras com margem muito apertada e o mercado fica mais aquecido nesses momentos de dificuldades", diz. O executivo disse que não tem nada no curto prazo, mas que não descarta novas aquisições. "Não é improvável que num ou outro momento a gente faça outra aquisição. Mas acho difícil ter outra no formado da Clear. A gente aposta no futuro, a Clear é uma aposta de futuro. Qualquer coisa que a gente faça agora é muito mais olhando para o passado, ou seja, a compra de carteira de cliente de uma corretora", afirma.
O apetite por aquisições não para por aí. Outro segmento em que a XP pode ir às compras é o de bancos. De acordo com Benchimol, essa possibilidade faz parte do projeto da empresa de ter o próprio banco virtual e se consolidar cada vez mais como uma solução para o cliente. Hoje, o cliente tem várias opções de investimentos na XP, mas não pode pagar uma conta, por exemplo. Para isso, é necessário que ele retire o dinheiro e efetue o pagamento num banco. "Os bancos comerciais não são nossos aliados.
Quando a gente convence o cliente a investir, a gente está tirando o dinheiro deles", afirma. O executivo ressalta que o projeto do banco virtual é acoplar na estrutura de shopping de investimentos da XP uma plataforma bancária, onde o cliente possa ter uma solução completa. "A ideia é colocar o projeto de pé até o final de 2015. Não é um projeto fácil. Fizemos estudos avançados e ainda não decidimos se iremos partir do zero ou se vamos na direção de comprar um banco inativo ou ativo. O que sabemos, é que o nosso modelo de negócio vai exigir a acoplagem de uma plataforma bancária", afirma.
O ânimo do executivo tem motivo. Mesmo diante de um mercado mais restritivo e com a economia andando a passos lentos, os negócios da XP vão de vendo em poupa. Segundo Benchimol, a empresa irá bater recorde de captação em agosto.
"Este mês estamos projetando a entrada de R$ 550 milhões líquidos na empresa. São clientes que estão entrando na XP e investindo em nossos produtos. Esse é nosso recorde histórico", afirma. A média mensal do último semestre foi de R$ 450 milhões. Para este semestre, a meta e captar mais R$ 3 bilhões. Na Clear, a meta é R$ 150 milhões, ante cerca de R$ 70 milhões nos primeiros seis meses do ano.
Para 2015, a perspectiva de captação é ainda mais arrojada: fechar o ano com R$ 10 bilhões (XP) e cerca de R$ 400 milhões (Clear). "Ainda não fechamos o plano para o ano que vem, mas esta é nossa meta", afirma.
Os planos da empresa não param por aí. A XP pretende investir entre R$ 50 milhões e R$ 60 milhões nos próximos 18 meses e mais R$ 8 milhões a R$ 10 milhões, na Clear. No caso da XP, o investimento será em projetos de fortalecimento do grupo, que vão desde campanha de internet, ampliação da rede de parceiros, ou seja, os agentes autônomos espalhados pelo Brasil, campanhas educacionais e de incentivo. "Vamos investir em tudo que possa fortalecer o nosso modelo", diz. Na Clear, o investimento é basicamente em tecnologia e comunicação de marketing.
A expectativa do executivo é de que em 2 anos e meio o número de clientes da Clear chegue a 60 mil. No caso da XP, a expectativa é terminar 2014 com 100 mil contas ativas e atingir 130 mil clientes em 2015. Atualmente, as duas empresas juntas têm 90 mil clientes, sendo 80 mil da XP. "A gente abre mais ou menos, 3,5 mil contas por mês (XP) e de 300 a 400 (Clear)", afirma.
Sobre uma nova bolsa para concorrer com a BM&FBovespa, Benchimol considera que uma concorrente iria elevar o custo operacional das corretoras e avalia que este não é momento. "Espaço sempre existe. Mas eu não acho que seja o melhor momento para um a nova bolsa. O mercado ainda é muito pequeno para aguentar outra bolsa. Além disso, acho que vai ter custo operacional mais alto, pelo menos num primeiro momento. No segundo momento, pode ser que haja uma concorrência de preços entre as bolsas e pode haver redução de tarifas. Não sei se o custo operacional vai ser compensado por redução de preços. Ainda é um projeto incipiente", pondera.
O executivo acrescenta ainda que para o mercado de capitais deslanchar é necessário que haja uma economia consistente. "Quanto mais a economia se mantiver consistente a longo prazo, naturalmente, as pessoas vão perceber que investir no segmento é uma boa opção", diz, ressaltando ainda que se considera um otimista e que acredita que em 2015 as coisas serão melhores. "Seja quem for o presidente, acredito que ele (a) irá buscar soluções para trazer a economia para os trilhos", afirma.