Por monica.lima

São Paulo - A nova metodologia do Ibovespa, que começou a valer integralmente a partir de maio, ainda não conquistou a confiança do mercado. Segundo alguns profissionais, o principal índice da BM&FBovespa não está refletindo a economia real e continua muito concentrada em determinados setores.

Ontem, entrou em vigor a nova carteira teórica do Ibovespa, a segunda com a nova metodologia, que irá vigorar até o dia 2 de janeiro de 2015. Os cinco ativos que apresentaram o maior peso na composição do índice foram: Itauunibanco PN (9,980%), Petrobras PN (8,700%), Bradesco PN (7,640%), Ambev S/A ON (6,640%) e Petrobras ON (5,534%). Ao contrário das carteiras anteriores, Petrobras e Vale não figuraram com o maior peso, cedendo espaço para o Itauunibanco.

Para o analista da Coinvalores Bruno Piagentini, a mudança feita pela Bolsa recentemente foi positiva, mas ainda está distante de ser o ideal. De acordo com ele, o Ibovespa ainda está concentrado em poucos setores e o melhor seria que o índice refletisse a economia real através da inclusão de mais segmentos em sua composição e da maior diversificação de peso. “A mudança acabou, por exemplo, com empresas que são projetos, como a ex-OGX, que fez parte do índice por um tempo, e que acabou distorcendo o desempenho do índice. Foi um passo importante para que o indicador fique cada vez mais próximo da economia”, avalia.

Para Piagentini, setores como os relacionados à indústria manufatureira e de bens de capital e de serviços precisariam ter maior participação no índice. “Serviço é um segmento importantíssimo da economia e pouco representado. Tem que haver uma melhor distribuição”, avalia.

O analista da Futura Invest Alan Oliveira também concorda que a mudança foi um passo relevante, mas ainda é necessário realizar ajustes para chegar a um índice que reflita mais a realidade do mercado. Mesmo com a mudança, pondera, as blue chips e os bancos têm participação relevante na composição do Ibovespa. Para Oliveira, o ideal seria que o índice fosse composto por mais empresas. “Quando uma empresa tem um peso muito relevante, qualquer movimento acaba distorcendo o índice. É necessário uma distribuição mais homogênea, com mais ações e melhor distribuição de peso dos ativos”, sugere. Hoje, o Ibovespa é composto 69 ativos de 65 empresas.

Para Alan, além da diversificação, é importante que haja um “gap” máximo, ou seja, que uma empresa não tenha uma participação muito grande no índice para evitar distorções caso algum evento pontual aconteça e reflita somente naquele papel. “Isso protege de oscilações intensas”, explica. O profissional sugere, por exemplo, que bancos tenham menor participação e o setor de educação ganhe representatividade. “É importante a presença dos principais bancos no índice, mas também é relevante o setor de educação”, pondera.

Este, aliás, é um dos setores que têm duas ações figurando entre as maiores altas do Ibovespa no ano — Kroton e Estácio Participações — com ganhos de 72,1% e 42,82% no ano até o dia 28, respectivamente. Piagentini, da Coinvalores, ressalta que este é um segmento que foi alvo de vários estímulos do governo, como o Pronatec e o Fies, programas considerados os pilares do setor. “Educação é relevante e está no programa de todos os candidatos a eleição (presidencial), portanto, ele deve continuar com destaque”, avalia.

Quem liderou os ganhos no período foi a Marfrig, com valorização de 88,75%. “A empresa está colhendo os frutos do processo de reestruturação. Apesar de continuar elevado, teve queda de endividamento no segundo trimestre e também teve ganho de margem operacional”, observa Piagentini, ressaltando ainda a abertura do mercado chinês para carnes bovinas in natura e o crescimento das exportações para Rússia de carne de frango, suína e bovina.

Já na ponta negativa, com a pior performance do índice, está a MMX com forte recuo de 80,71% no período. Esta ação, aliás, deixou de fazer parte da carteira teórica que começou a vigorar ontem. No caso deste papel, Usiminas, Gerdau Metalúrgica, Gerdau, Siderúrgica Nacional e Vale, o recuo no ano é atribuído à queda das commodities no mercado internacional, que tem sido causada, principalmente, pelas incertezas sobre o ritmo de crescimento da China.

No caso da Braskem, o declínio reflete o menor dinamismo da economia doméstica. Isso porque, a matéria prima da empresa — plástico que deriva de polietileno, polipropileno e PVC — tem relação direta com o consumo interno. “Se a economia não cresce, se produz menos, se compra menos e usa-se menos plásticos”, explica. 

Bolsa brasileira atinge maior valor de mercado

O valor de mercado das 328 companhias brasileiras com ações negociadas na Bovespa atingiu, no dia 29 de agosto, seu maior valor histórico, alcançando o total de <USTitulos>R$ 2,59 trilhões, segundo levantamento da Economatica. O cálculo considera o número de empresas variável no tempo por que foi elaborado com todas as empresas presentes em cada data analisada.

Na data, o setor bancário, com 22 instituições, é o que teve o maior valor de mercado, somando R$ 561,8 bilhões. No mês agosto de 2014 o setor teve o maior crescimento do valor de mercado, valorizando mais R$ 70,4 bilhões.

O segundo setor com maior valor de mercado da Bovespa foi o de Alimentos e Bebidas, com R$ 382,0 bilhões.

O setor de Petróleo e Gás foi o terceiro setor com maior representatividade, avaliado em R$ 310,9 bilhões, e também o que teve o maior crescimento nominal no mês de agosto com R$ 55,6 bilhões.

Segundo o economista Einar Rivero, responsável pelo levantamento da Economatica, no mês de agosto deste ano, o valor de mercado das empresas brasileiras cresceu R$ 196,5 bilhões, maior crescimento nominal em amostras mensais da história.

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