A pouco mais de uma semana para a eleição, a expectativa pela diminuição da distância entre Dilma Rousseff (PT) e Marina Silva (PSB) nas próximas pesquisas eleva o ânimo dos investidores. Embora a petista ainda esteja com vantagem, a esperança do mercado é que o resultado das urnas do dia 5 de outubro leve a disputa para o segundo turno, no qual as candidatas terão o mesmo tempo de televisão – 10 minutos por programa –, o que deixaria a disputa mais equilibrada.
Após terminar no vermelho em três de quatro pregões, o Ibovespa ganhou fôlego nesta sexta-feira, quando disparou 2,23%, aos 57.212 pontos, impulsionado principalmente pela ação preferencial da Petrobras, que subiu 5,54% em meio à expectativa pela divulgação da pesquisa do Datafolha, após o fechamento da sessão. O forte desempenho diminuiu a queda semanal do índice para 1%. No ano, os ganhos somam 11,08%. Apesar do recuo na semana, o viés para os próximos pregões é positivo, pois mesmo tendo caído diversas vezes seguidas, o Ibovespa defendeu o importante suporte de 56 mil pontos.
“Embora o mercado passe por uma fase de realização, esse quadro pode se reverter caso o índice ultrapasse os 57.800 pontos. A expectativa para a próxima semana é boa, independente da especulação em relação às eleições, pois o suporte dos 56 mil pontos foi mantido e a entrada do investidor estrangeiro continua forte”, apontou o analista técnico da Clear Corretora, Raphael Figueredo.
O mercado doméstico pode sentir o impacto de alguns indicadores econômicos e também do aumento das tensões geopolíticas na Rússia e no Oriente Médio, mas a eleição será o principal guia do Ibovespa. “Vamos ficar mais uma semana ao sabor das pesquisas eleitorais. A perspectiva é de uma disputa extremamente acirrada. Será importante acompanhar os dados de rejeição e aprovação das principais candidatas para traçar uma tendência para o segundo turno”, avaliou o analista da Guide Investimentos, Luiz Gustavo Pereira.
Na agenda, o principal destaque da semana é o relatório geral de emprego dos Estados Unidos, o Payroll, a ser conhecido na sexta-feira. A melhora no mercado de trabalho tende a alimentar a expectativa pelo avanço da taxa básica de juro nos primeiros meses de 2015. Tal visão pode fazer com que os investidores busquem ativos mais seguros e vendam ações, o que geralmente impacta o desempenho das bolsas externas e pode influenciar negativamente o Ibovespa.
Enquanto o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) faz o movimento para normatizar a política monetária, na Zona do Euro, o Banco Central Europeu pode anunciar um programa de compra de títulos (para injetar liquidez no mercado) na quinta-feira, dia em que a autoridade monetária divulga a decisão em relação à taxa de juro.
Entre os indicadores do Brasil, o IGP-M, índice de inflação que baliza o valor dos aluguéis, será conhecido na terça-feira. A expectativa é que o processo de deflação no preço dos atacados recue. Após ter caído 0,27% na última leitura, a projeção da consultoria LCA é de alta de 0,32% em setembro. No mesmo dia, o Relatório Trimestral de Inflação do Banco Central será divulgado. “O texto é importante para acompanhar as projeções do BC, que deve reduzir a perspectiva de crescimento do PIB de 1,6%, para um número abaixo de 1%”, disse o economista-chefe da SulAmerica Investimentos, Newton Rosa.
A Produção Industrial de agosto também se destaca na quinta-feira. Após ter subido 0,70% em julho, outro avanço do indicador “pode dar dinamismo para a economia no terceiro trimestre”, comentou Rosa, que projeta alta próxima de 0,4% para o PIB no período.
Em relação às pesquisas eleitorais, Ibope e Datafolha podem divulgar novos números a partir de terça-feira, e o Sensus a partir de quarta-feira.
Dólar
No mercado de câmbio, o dólar terminou a sexta-feira em queda de 0,57%, cotado a R$ 2,416. Entretanto, a divisa teve a quarta semana consecutiva de ganhos ao acumular alta de 1,82%. No mês de setembro, o avanço é de 7,91%.