Por parroyo

O sentimento de aversão ao risco que prevaleceu entre os investidores de todo o mundo nesta quarta-feira refletiu também no mercado financeiro brasileiro. O Ibovespa chegou a cair mais de 5% na mínima do dia e, acompanhando a leve recuperação de Wall Street, diminuiu as perdas no fim da sessão até fechar em queda de 3,24%, aos 56.135 pontos. O giro financeiro foi de R$ 24.237 bilhões, dos quais R$ 6,32 bilhões se referem ao vencimento de opções sobre o Ibovespa. No mercado de câmbio, o dólar teve a maior alta diária em mais de um ano ao subir 2,38%, cotado a R$ 2,458 na venda.

“Mesmo depois que o Banco Central Europeu diminuiu a taxa de juros e promoveu programas de estímulo, a economia da Zona do Euro parece travada. A Alemanha anunciou que deve crescer menos, a França não atinge as metas fiscais e de endividamento e a Itália está com crescimento negativo. O cenário contribuiu pelo aumento da procura por títulos norte-americanos, o que caracteriza aversão ao risco”, apontou o economista-chefe da Órama Investimentos, Alvaro Bandeira, para quem a eleição ficou em segundo plano no mercado doméstico.

O primeiro debate do segundo turno entre os candidatos à Presidência, que aconteceu ontem, foi equilibrado na avaliação geral dos analistas. O Datafolha divulgou, após o fechamento do pregão, uma nova pesquisa que replicou o resultado do levantamento anterior - empate técnico entre os candidatos: Aécio Neves (PSDB) aparece com 51% das intenções de voto e Dilma Rousseff (PT) com 49%. O Ibope deve divulgar ainda hoje novos números sobre a corrida eleitoral. 

À frente das perdas do Ibovespa, as ações preferenciais da Petrobras recuaram 6,93%, movimento replicado pelas outras estatais. Banco do Brasil ON perdeu 3,85% e Eletrobrás ON teve queda de 3,68%. Os bancos também caíram forte. Bradesco PN desvalorizou 5,47% e Itaú PN recuou 4,49%. Dos 69 ativos do índice, apenas dois fecharam com ganhos: Fibria ON subiu 1,51% e Telefônica PN teve alta de 0,39%.

Na agenda econômica, a Pesquisa Mensal de Comércio mostrou que as vendas no varejo restrito subiram 1,1% em agosto, na comparação mensal – resultado que ficou acima do esperado pelo mercado (avanço de 0,8%). “As vendas apresentaram a maior alta desde julho do ano passado”, destacou a Fator Corretora, em nota. O Caged, por sua vez, mostrou a criação de 123,7 mil novas vagas de emprego formais em setembro, o pior resultado para o mês desde 2001.

Nos Estados Unidos, as vendas no varejo mostraram recuo em setembro, o que aponta o enfraquecimento da demanda do consumidor. Já o índice Empire State – indicador sobre o setor de manufaturas na região de Nova York – passou de 27,54 em setembro para apenas 6,17 em outubro e ficou abaixo dos 20,5 esperados, o que sinaliza o menor crescimento do setor desde abril deste ano. Os indicadores fracos somados à queda no preço das commodities e ao temor de que o enfraquecimento da economia da Zona do Euro afete a recuperação econômica do país, espalhou aversão ao risco entre os investidores.

Os principais índices de Wall Street chegaram a cair mais de 2%, mas diminuíram as perdas após a divulgação do Livro Bege, relatório sobre o desempenho da economia feito pelo Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), que “mostrou um quadro mais tranquilo", pontuou Bandeira. O Dow Jones teve queda de 1,06%, o S&P recuou 0,81% e o Nasdaq caiu 0,28%.

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