Por monica.lima
São Paulo - Apesar do desempenho negativo do Ibovespa nos últimos anos, algumas ações lançadas em oferta pública inicial (IPOS) na Bolsa desde 2008, ano da crise financeira muncial deflagarada com a quebra do Lehamn Brothers, acumulam valorização superior a 300%. Levantamento da consultoria Economatica, feito a pedido do jornal Brasil Econômico, mostra que neste período foram realizados 41 IPOs, dos quais 20 ofertas de ações que têm rendimento positivo desde a data do seu lançamento até o último dia 17 de dezembro, contra rendimento negativo do Ibovespa. Destas, sete remuneram mais que 100%.
A Cielo é o destaque de ganho, com alta de 305,69% de 26 de junho de 2009 a 17 de dezembro deste ano, contra queda de 5,39% do Ibovespa no período. A Le Lis Blanc, que abriu capital em 24 de abril de 2008, tem valorização de 284,38%, ante declínio de 25,83% do principal índice da Bolsa. O prêmio desses papéis no período levantado pela Economatica, calculado pelo rendimento nominal do papel menos o rendimento do Ibovespa, alcançam os percentuais, respectivamente, de 311,08% e 310,21%.
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Na ponta contrária, ficaram os papéis das empresas do empresário Eike Batista, OGX Petróleo e OSX Brasil, que apresentaram perdas de 99,29% e 99,13%, ante recuo de 27,64% e 29,23% do Ibovespa, respectivamente. Considerando o prêmio, os declínios foram de 71,65% e 69,90%.
Ao longo deste ano, o fraco crescimento da economia, a inflação e a Selic em alta, a menor confiança dos empresários e a acirrada disputa presidencial, levaram muitas empresas a adiarem os planos de investimentos, aguardando por um cenário mais tranquilo. Em meio a essas incertezas, apenas a Ourofino, empresa do setor de produtos veterinários, teve coragem e realizou o único IPO este ano. A empresa foi bastante audaciosa e abriu capital no meio da disputa eleitoral, no intervalo entre o primeiro e o segundo turno das eleições. Em cerca de dois meses de negociação, a ação conseguiu ir na contramão do Ibovespa e acumular ganho de 11,11% (de 20 de outubro a 17 de dezembro), ante queda do índice de 10,29%.
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Se 2014 foi fraco para IPOs, também foi para as empresas que já tinham o capital aberto. Ao longo do ano, cinco empresas realizaram oferta pública de aquisição de ações (OPA) — Autometal, Coelce, Brookfield, Dasa e Cremer, todas com o mesmo propósito, de tirar as companhias da Bolsa ou por falta de liquidez, ou para ter mais autonomia para gerir a empresa, por exemplo. Mas o que mais chamou a atenção não foram os fechamentos, que acontecem todos os anos na Bolsa mas a realização de apenas um IPO, o pior resultado desde 2012, quando foram realizados três ofertas, segundo a Economatica.
O marasmo verificado na Bolsa ao longo do ano pode se repetir em 2015 se os mercados não se convencerem de que os ajustes prometidos serão suficientes para trazer o país de volta para o trilho do crescimento.
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Para o presidente da Magliano Corretora, Raymundo Magliano Neto, o primeiro semestre será um período difícil e de grandes ajustes. Mas se os planos do governo derem certo e não houver agravamnto de situações externas, como a crise econômica na Rússia, é possível acontecer vários IPOs na segunda metade do ano. “O futuro ministro da Fazenda (Joaquim Levy) tem que administrar o que precisa ser administrado e mostrar que 2016 e 2017 serão bons anos. Têm excelentes empresas prontas, esperando para abrir capital”, diz, ressaltando que a janela de oportunidades deve surgir a partir do segundo semestre.
Menos otimista, o analista da Clear Corretora Raphael Figueredo, não acredita que haverá oportunidades para IPOs em 2015. De acordo com ele, as empresas ao pensarem em entrar no mercado de capital precisam vislumbrar uma melhora da economia num prazo de seis meses a um ano, o que deve ocorrer, mais para o final do próximo ano. “O ano de 2015 é um planejamento para 2016. Não acredito em nenhum IPO antes”, diz.
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O próprio governo já anunciou que pretende abrir o capital da Caixa Econômica Federal mas, que é um processo longo e que só deve ocorrer em 2016.