Por douglas.nunes
A Kroton Educacional deverá ser, pelo segundo ano consecutivo, a empresa com a ação mais rentável negociada na carteira do Ibovespa. A Kroton ON acumulava até sexta-feira valorização de 75,59%, enquanto o principal índice da BNM&FBovespa perde 2,65%. Em 2013, a ação da Kroton ON liderou o ranking das ações mais rentáveis do ano, com ganho de 73,21%.
Faltando apenas dois pregões para encerrar o exercício de 2014, dificilmente a ação perderá o posto para a ocupante do segundo lugar, a Marfrig ON, com rendimento no ano de 51,25%. Os programas do governo para incentivo à educação, como Fies, Pronatec e Prouni, são apontados como principais alavancas para o crescimento da empresa.
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Na ponta oposta do Ibovespa, figura a ação ordinária da operadora de telecomunicação Oi. O papel perdeu 75,49% até sexta-feira passada, sofrendo muita volatilidade ao longo do ano, em meio a negociações sobre a fusão com a operadora Portugal Telecom. Como hoje é o penúltimo pregão do ano, é pouco provável que haja alteração no ranking, já que neste período os investidores institucionais já ajustaram suas carteiras para ampliar os ganhos ou minimizar as perdas.
A performance das ações, no entanto, não é garantia do mesmo desempenho no futuro. Para o gerente de renda variável da corretora H.Commcor Ari Santos, ainda é cedo para falar em tendência. Segundo ele, no caso do setor de educação, o próximo ano será um período de ajustes, com um novo governo disposto a fazer cortes e, também, um novo ministro da educação. “O governo pode dar continuidade aos programas sociais. Mas, por outro lado, o Levy (Joaquim Levy, ministro da Fazenda), já sinalizou que o governo quer cortar gastos e os programas podem estar na mira. Também tem a questão do pré-sal (uma parte dos recursos serão destinados à educação), mas ainda não dá para saber como vai ficar, até porque a Petrobras está passando por uma forte crise”, diz, se referindo às denúncias de corrupção que envolvem a petroleira.
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Entre os programas do governo no setor de educação, o que é apontado como maior risco de corte é o Pronatec, já que acaba sendo um gasto do governo. Já o Prouni e o Fies correm menos risco, porque não afetam o superávit primário do País. Na sequência de ganhos deste ano, além da Kroton e da Marfrig, vieram as ações BB Seguridade ON, Gol PN, Cetip ON, Lojas Americanas PN, Embraer ON, BRF ON, CESP ON e ON.
Segundo o analista da Clear Corretora Raphael Figueredo, as empresas ligadas ao segmento doméstico foram as que performaram mais positivamente. “Na primeira etapa do ano, antes das eleições, as empresas ligadas ao segmento doméstico, principalmente educacional, garantiram os ganhos. Depois de eleição, o cenário mudou, o dólar ficou mais frouxo e teve a alta da taxa de juro, o que ajudou os exportadores a ganharem espaço, como a Marfrig”, diz, ressaltando ainda que a Gol foi favorecida pela queda no preço do petróleo no mercado internacional. “A maior parte das despesas da empresa são com diesel e a queda favoreceu muito”, afirma.
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Do lado negativo, além do dólar, que pressionou as importadoras e empresas que têm compromissos na moeda dos EUA, teve a queda das commodities e as construtoras. Dentro deste cenário, depois da Oi, tiveram os piores desempenho Rossi Residencial ON, Usiminas PNA e Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) ON, PDG ON, Metalúrgica Gerdau ON, Gerdau ON, Gafisa ON, Vale PNA e Bradespar ON.
Se por um lado o cenário para essas ações não deve mudar até amanhã, quando será realizado o último pregão de 2014, o Ibovespa ainda tem uma pequena chance de encerrar o ano em alta, mas, no mês, a queda já está sacramentada. No mês o declínio é de 8,37%. A forte volatilidade ao longo do ano, em razão das incertezas no cenário econômico e político, afugentou os investidores, levando muitos a se desfazerem de suas posições e migrarem para investimentos de renda fixa.
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Segundo a BMF&Bovespa, até o último dia 22, os investidores estrangeiros foram responsáveis pela retirada de R$ 3,063 bilhões da Bolsa, o pior resultado desde junho de 2013, quando foram retirados R$ 4,074 bilhões. No ano, no entanto, o saldo é positivo em R$ 19,497 bilhões, podendo ser o melhor resultado desde 2009, quando o saldo foi de R$ 20,596 bilhões. A participação das pessoas físicas na Bolsa está em 13,7%, o que deve ser a pior performance desde 1998, quando a presença deste segmento ficou em 12,3%.
As dúvidas sobre o rumo da Petrobras este ano e a ingerência do governo na companhia na questão do reajuste dos combustíveis, decepções com empresas como a OGX, do empresário Eike Batista, a decisão do governo, no ano passado, de não reajustar as tarifas das empresas do setor de energia, em contrapartida, a alta da taxa juro que garante uma rentabilidade para o investidor, com menor risco, são alguns dos fatores que têm afastado o investidor pessoa física que pouca disposição de correr riscos.

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