A cautela prevalece no mercado financeiro brasileiro mesmo após o Banco Central ter anunciado ontem mais uma elevação de meio ponto percentual na Selic, que passou para 12,75% ao ano. O risco político segue no radar dos investidores e, por volta das 13h, o dólar subia 0,42%, cotado a R$ 2,993 na venda, enquanto o Ibovespa operava volátil – depois de abrir no azul, o índice passou para o campo negativo e caía 0,29%, aos 50.320 pontos.
“A percepção de risco segue elevada e não vemos muita trégua nas pressões de alta sobre dólar”, destaca a Guide Investimentos, em nota. As incertezas na política refletem diretamente na economia, uma vez que o Congresso já deixou claro que não vai facilitar o ajuste fiscal anunciado pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy.
A presidente Dilma Rousseff tenta acalmar os ânimos da base aliada após o vazamento da informação de que a lista com nomes de políticos a serem investigados na operação Lava-Jato, entregue na última terça-feira pelo procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, ao Supremo Tribunal Federal traga os nomes do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
Enquanto isso, Joaquim Levy se esforça para convencer investidores e agências de classificação de risco de que o aperto fiscal será colocado em prática e que o governo entregará a meta de superávit primário de 1,2% do PIB este ano. Entretanto, de acordo com cálculo da Agência Estado, do total de R$ 111 bilhões em medidas de ajuste para 2015, 21,6% dependem diretamente de aprovação dos parlamentares, o que equivale a R$ 24 bilhões.
No cenário externo, o Banco Central Europeu anunciou que vai iniciar o programa de compra de títulos, de € 60 bilhões mensais, a partir de 9 de março. Nos Estados Unidos, o número de pedidos de auxílio desemprego mostrou uma alta inesperada na última semana. Ainda assim, os principais índices de Wall Street operam no azul. Por volta das 13h, o Dow Jones subia 0,23%.