Por monica.lima

Rio - O mercado internacional de bonds do Brasil está praticamente congelado. Já se passaram quatro meses desde a última emissão externa de uma empresa brasileira. Um período tão longo quanto esse só em 2008, quando a implosão do banco americano Lehman Brothers desencadeou a crise financeira e fez com que o crédito fosse suspenso em todo o mundo.

A seca é um símbolo do descontentamento dos investidores com o Brasil, em um momento em que a economia está afundando e em que os efeitos do escândalo de subornos na Petrobras atingem as empresas do país. Desde novembro, os custos dos empréstimos para as empresas brasileiras subiram seis vezes mais do que a média dos mercados emergentes.

“Em uma situação ideal você só quer mais dívida quando a perspectiva é positiva, e este não é o caso, no momento, da maioria das empresas”, disse Josephine Shea, co-diretora de dívida de mercados emergentes da Hartford Investment Management, que gerencia cerca de US$ 110 bilhões.

A esta altura do ano passado as empresas brasileiras já haviam vendido US$ 7,5 bilhões em dívidas no exterior.

A Petrobras, que foi a maior emissora de bonds internacionais dos mercados emergentes nos últimos quatro anos, não emite dívida no exterior desde março de 2014 porque a investigação sobre os subornos a impede de informar resultados financeiros auditados.

A Moody’s Investors Service reduziu o rating da empresa em dois níveis, para junk, no dia 24 de fevereiro, no segundo rebaixamento realizado em menos de um mês, devido ao temor de que a investigação atrapalhe a sua capacidade de obter financiamento. Os rebaixamentos fazem parte de pelo menos 28 cortes de rating sofridos por empresas brasileiras apenas neste ano.

Na última quinta-feira, o Conselho de Administração autorizou a empresa a levantar US$ 19,1 bilhões em financiamento neste ano. Um dia depois, a Petrobras realizou uma conferência telefônica com a Universities Superannuation Scheme. autor líder da Class Action movida em face da Companhia perante a Corte Federal de Nova York, além do juiz responsável pelo caso .

Se a empresa decidir recorrer aos mercados internacionais de dívidas, terá que pagar o preço. Os yields de suas notas para 2021 subiram 1,7 ponto percentual, para 7%, desde 13 de novembro, o dia anterior à prisão de mais de 20 pessoas em virtude da operação Lava Jato.

Esse cenário desfavorável à novas emissões “provavelmente não mudará tão cedo”, disse Ian McCall, que ajuda a gerenciar US$ 103 milhões na Quesnell Capital, em Portugal. “Nós precisamos ter algum tipo de clareza a respeito da Petrobras”.

A JBS SA, maior produtora de carne do mundo, e a Marfrig Global Foods SA desistiram de suas vendas de bonds nas semanas posteriores às prisões. Nenhuma dessas empresas está envolvida na investigação.

Petrobras anuncia bloqueio a empreiteiras Schahin e TKK

Na sexta-feira, a diretoria da Petrobras aprovou a constituição de Comissões para Análise de Aplicação de Sanção e o bloqueio cautelar da Schahin Engenharia e da TKK Engenharia, empreiteiras citadas pelo ex-gerente executivo de Engenharia Pedro José Barusco Filho nos depoimentos relativos à Operação Lava Jato.

As empresas serão temporariamente impedidas de serem contratadas e de participarem de licitações da estatal.

Você pode gostar