Por parroyo

O principal índice da Bovespa fechou com o seu principal índice em alta nesta quarta-feira, encerrando uma sequência de cinco pregões no vermelho, com a recuperação das ações dos bancos privados e da Petrobras entre os suportes para a trégua na sessão.

Profissionais do mercado ouvidos pela Reuters entenderam o movimento na bolsa nesta quarta-feira como um ajuste, amparado em um quadro relativamente calmo no exterior, enquanto seguem incertezas sobre o andamento dos ajustes fiscais no Brasil.

Braskem ganhou destaque na ponta negativa ao despencar 20%, com a empresa citada nas investigações da operação Lava Jato, enquanto Gol disparou 9%, com cobertura de posições amplificando correção técnica.

O Ibovespa subiu 1,27%, aos 48.905 pontos, após recuar quase 6% nas cinco sessões anteriores. O volume financeiro no dia alcançou R$ 7 bilhões.

Itaú Unibanco e Bradesco avançaram 3,39% e 3%, após queda forte na véspera, sustentando o índice, em razão da relevante fatia que detêm no Ibovespa, assim como Ambev, que se apreciou 2,32%.

Da mesma forma, as preferenciais da Petrobras corroboraram o alívio ao subirem 2,81%, mesmo com a volatilidade dos preços do petróleo no mercado internacional e sem ter o mesmo peso de outrora.

O BTG Pactual cortou o Brasil a "underweight" em sua estratégia de ações na América Latina, citando que as variáveis macroeconômicas continuam a se deteriorar, com a cena política confusa pelo escândalo de corrupção da Petrobras.

A Braskem sofreu os efeitos do imbróglio que passa a estatal, despencando quase 20%, para fechar a R$ 11,03, mínima desde 25 de julho de 2012.

Reportagem no jornal Folha de S.Paulo trouxe depoimentos no âmbito da Lava Jato citando que a petroquímica teria pago propina para comprar matéria-prima mais barata da Petrobras entre 2006 e 2012. A empresa nega tais pagamentos.

JBS também pesou na ponta de baixa, fechando em queda de 3,4 por cento, antes da divulgação do balanço, prevista para após o fechamento da bolsa. O papel, porém, vinha de uma quatro alta seguidas, em que acumulou ganho de 9 por cento.

Gol, por sua vez, subiu 8,23%, tendo renovado máxima intradia à tarde, com coberturas de posições vendidas acentuando correção técnica iniciada na primeira etapa do dia, após a ação cair nos 10 pregões anteriores.

Câmbio

O dólar voltou a fechar em alta ante o real nesta quarta-feira, ao fim de um pregão marcado por volatilidade, ainda refletindo as preocupações políticas e econômicas no quadro interno.

A moeda norte-americana subiu 0,77%, cotada a R$ 3,127  na venda. A divisa chegou a cair 0,67% no início da tarde, atingindo R$ 3,083 na mínima da sessão, em reação a operações de realização de lucro e a rumores de que o Banco Central poderia estender seu programa de intervenção no câmbio além de março.

Na noite passada, o governo acertou com líderes do Congresso Nacional a correção escalonada do Imposto de Renda da Pessoa Física proposta por seus aliados no Congresso Nacional, abrindo mão de mais de 6 bilhões de reais em receitas.

"O fato concreto é que a questão fiscal continua no centro das atenções e resta conhecer o impacto que as concessões trarão sobre a meta de superávit primário", escreveu o operador da corretora Correparti Ricardo Gomes da Silva em nota a clientes.

Embora a decisão aponte na direção de desanuviar as tensões entre os dois Poderes, deu força às preocupações nos mercados financeiros com a possibilidade de o governo ter de fazer mais concessões à base aliada que diminuam o impacto do ajuste fiscal.

O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), afirmou nesta quarta-feira que o governo da presidente Dilma Rousseff aparenta estar envelhecido e que a relação com a base não foi solucionada.

Investidores também adotaram uma postura mais defensiva diante do desenrolar da investigação sobre o escândalo bilionário de corrupção na Petrobras.

Nesta manhã, a Controladoria-Geral da União determinou a abertura de processos contra mais de dez empresas, que poderiam impedi-las de celebrar novos contratos, golpeando a já enfraquecida economia brasileira.

O economista-chefe para mercados emergentes da Capital Economics, Neil Shearing, ressaltou os impactos que a crise política pode ter sobre o real e elevou sua projeção para o valor do dólar no fim deste ano para R$ 3,20, ante R$ 2,85.


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