Por monica.lima

As rações diária de swaps cambiais fornecidas pelo Banco Central podem estar com os dias contados. O BC tem até o dia 31 deste mês para decidir se continua ou não com o programa mas o seu destino ainda divide a opinião dos profissionais do mercado. Alguns avaliam que a autoridade monetária deve interromper o mecanismo e deixar a moeda flutuar livremente e outros entendem que o fim do programa pode voltar a pressionar uma alta do dólar. O único consenso é de que a tendência da moeda norte-americana este ano ainda é de alta no mercado global.

Para o diretor de câmbio do Banco Paulista, Tarcisio Rodrigues, se o BC encerrar a operação ele terá que mostrar ao mercado que tem o controle, um outro instrumento. “O mercado de dólar é livre, mas em momentos de turbulência, quando a moeda está altamente volátil, você tem que ter instrumentos para fazer o controle sobre a flutuação”, avalia.

Rodrigues avalia que se o BC deixar o mercado órfão de um instrumento de atuação no câmbio, a moeda pode sofrer um forte ataque especulativo. “Isso pode gerar um enorme problema econômico”, afirma.
Para Rodrigues, a operação de swap é um instrumento importante e melhor do que quando o governo atuava no mercado à vista, que tem menos liquidez do que no futuro. “Foi importante ele entrar no mercado futuro e minimizar o poder do especulador. O problema é até quando vai aguentar. Além disso, quanto maior o juro, maior é o custo do cupom e maior é o carregamento deste swap”, avalia. “Não pode deixar especular neste momento. Tem que ter um equilíbrio entre a entrada e saída de dólares. Eu continuaria dentro desta política do swap”, afirma Rodrigues.

Já para o economista da Mapfre Investimentos, Luis Afonso Fernandes Lima, o BC poderia interromper o programa. De acordo com ele, o instrumento perdeu a sua função original de reduzir a volatilidade da moeda norte-americana. “O erro foi colocar o swap cambial da forma como foi feita há dois anos, de reduzir a volatilidade da taxa de câmbio. Ao longo do tempo, acabou sendo um instrumento para conter a valorização do dólar. A função mudou”, diz.

Para Lima, essa mudança de papel da operação acabou levando o BC, mesmo que de forma involuntária, a aumentar o seu nível de endividamento, sem conter a volatilidade da moeda. Pelos números recentes, o estoque de swap (US$ 114,02 bilhões, posição do dia 18) corresponde a 30,86% das reservas (US$ 369,4 bilhões, pela posição do dia 17). “Não acho errado parar com o programa. O errado é a forma como ele foi colocado lá trás”, afirma.

Por outro lado, o executivo da Mapfre Investimentos pondera que a alta da moeda norte-americana acaba sendo positiva para o governo, que tem reservas internacionais dolarizadas. “Isso não é ruim para o governo”, diz. Lima destaca ainda que além do fim da operação ser positiva para as reservas, a flutuação da taxa de câmbio irá para o nível que dever ser. Já o lado ruim, é a inflação. “Neste caso, o BC tem papel importante para conter o repasse, o que deveria acontecer através do aumento da taxa Selic que tem maior impacto”, diz, ressaltando, no entanto, que a autoridade monetária tem vários instrumentos, como o compulsório. “O BC tem um arsenal de coisas que pode usar e que tem efeito prático muito similar a alta da Selic”, afirma.

Rodrigues e Lima são unânimes em afirmar que este é um ano de tendência global de valorização da moeda dos Estados Unidos. A recuperação da economia norte-americana e a expectativa de alta do juro lá colaboram para o movimento. Internamente, as incertezas econômicas e políticas e as medidas de ajuste fiscal continuarão a pressionar a divisa. “É preciso tomar o remédio adequado, mesmo que ele seja amargo. Volatilidade no curto prazo é a palavra chave neste mercado”, diz Rodrigues.

Você pode gostar