Por parroyo

A demonstração de esforço do governo para concretizar o ajuste fiscal espalhou otimismo pelo mercado financeiro e o Ibovespa acumulou ganhos de 6,05% na semana mais curta por conta do feriado de Páscoa. O movimento comprador, liderado por investidores estrangeiros, levou o principal índice da Bolsa a ultrapassar os 53 mil pontos, o que crava tendência positiva para o curto prazo. Na sexta-feira, a alta foi de 1,53%, aos 53.123pontos.

“O sinal de compra se deu quando o índice defendeu os 50 mil pontos e, com intensificação do movimento comprador, o importante patamar de 52.500 pontos foi rompido. Este é o melhor movimento gráfico do ano para a Bolsa”, pontuou o analista técnico da Clear Corretora, Fernando Góes, para quem o Ibovespa está em viés de alta e deve buscar os 56 mil pontos.

Nesta Sexta-Feira Santa, a Bolsa brasileira permanece fechada assim como a norte-americana. Entretanto, vai haver a divulgação do relatório geral de emprego dos Estados Unidos, Payroll, que deve refletir no movimento do mercado na próxima semana.

De acordo com o economista-chefe da SulAmérica Investimentos, Newton Rosa, a ata do comitê de política monetária do Federal Reserve (Fed), a ser conhecida na quarta-feira, é destaque da agenda e já deve considerar os dados do Payroll.

“O número de novas vagas de trabalho deve mostrar certa acomodação, uma vez que a economia apresentou crescimento mais moderado nos últimos dois trimestres. Isso deve refletir no relatório do Fed, que tende a reforçar a tese de que não há pressa para subir os juros”, afirmou.

No Brasil, a atenção dos investidores vai continuar concentrada na atitude do governo para entregar o ajuste fiscal, condição para a manutenção da nota de crédito do país no patamar de grau de investimento. “O mercado aposta na competência do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, para promover as medidas necessárias”, disse Goes.

O ministro mostrou desenvoltura na articulação política ao conseguir, na última terça-feira, que o Senado adiasse a votação da mudança do indexador da dívida dos Estados e Municípios, o que causaria um impacto de R$ 3 bilhões nas contas públicas. Além de discursar sobre a importância do ajuste fiscal durante sete horas na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), Levy conversou em particular com o presidente da Casa, o senador Renan Calheiros (PMDB-AL).

“O PMDB, principal partido da base aliada, parece começar a entender a importância do corte de gastos. Os investidores estrangeiros acompanham essa movimentação e mostram interesse pelos ativos brasileiros. Claro que a Bolsa está barata, como reflexo da alta do dólar. Esse avanço da moeda norte-americana está sendo um grande amortecedor para a crise e, não à toa, os estrangeiros estão puxando o avanço (de 6,23%) do Ibovespa no ano”, disse Góes.

Embora tenha caído 3,43% nas últimas quatro sessões, cotado a R$ 3,129 na venda, o dólar disparou desde o começo do ano como reflexo das incertezas políticas no cenário doméstico. A expectativa de uma antecipação dos juros nos Estados Unidos também refletiu na divisa, que acumula alta de 19,33% no ano.

De volta à agenda do Brasil, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), referente a março, é destaque. De acordo com projeção da consultoria LCA, o índice que mede a inflação oficial do país deve avançar 1,38% na comparação mensal e acumular alta de 8,09% nos últimos 12 meses – acima do teto da meta, de 6,5%. “O IPCA deve captar nova pressão dos preços da energia, mas esses serão, parcialmente, compensados pela queda no valor dos alimentos”, disse Rosa.

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