O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) decidiu, por unanimidade, elevar a Selic em 0,50 ponto percentual (p.p.), para 13,25% ao ano – o maior nível desde dezembro de 2008.
“Avaliando o cenário macroeconômico e as perspectivas para a inflação, o Copom decidiu, por unanimidade, elevar a taxa Selic em 0,50 ponto percentual, para 13,25% ao ano, sem viés.”, afirmou a autoridade monetária, em comunicado.
A decisão veio em linha com a expectativa do mercado, que há cerca de duas semanas reavaliou a projeção de alta de 0,25 p.p. e passou a precificar um acréscimo de 0,50 p.p. na Selic. A mudança reflete o discurso mais contundente do presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, sobre o esforço para trazer a inflação ao centro da meta (4,5%) no fim de 2016.
Tombini sinalizou, em declaração feita há cerca de 15 dias, que os avanços no combate à alta dos preços ainda não são suficientes. “Os avanços alcançados no combate à inflação, a exemplo de sinais favoráveis vindos de indicadores de expectativa de médio e longo prazo, ainda não se mostram suficientes”, disse o presidente do BC, que afirmou em seguida: “a condução da política monetária foi, está e continuará vigilante [...] para que o IPCA convirja para o centro da meta, de 4,5%, no final de 2016”.
A partir deste posicionamento, o consenso do mercado passou a ser uma alta de 0,50 p.p. na Selic nesta reunião. “Se viesse algo diferente de um aumento de meio ponto, seria um sinal negativo de credibilidade do discurso do BC. Depois que o mercado passou a reprecificar o ajuste, não houve nenhum novo pronunciamento dos executivos da autoridade monetária”, avaliou o economista da Guide Investimentos, Ignácio Crespo, para quem a taxa básica de juros deve terminar o ano em 13,50%.
Para a economista da CM Markets, Camila Abdelmalack, “além do combate à inflação, o discurso do BC tem o objetivo de controlar a expectativa, ou seja, segurar as revisões (de alta) para o IPCA feitas pelo mercado”. No último Boletim Focus, os economistas consultados pelo Banco Central apontaram que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial do país, deve terminar este ano com avanço de 8,25%. Para o fim de 2016, a projeção para o indicador é alta de 5,60%. Vale destacar, que no acumulado de 12 meses, o índice acumula avanço de 8,22%.
Em relação à expectativa para a Selic no fim de 2015, o Boletim aponta taxa básica de juros em 13,25% ao ano. Com base nesta projeção, o economista da AZ Legan Asset, Fausto Gouveia, defendia uma alta de 0,25 p.p. agora e mais uma dose igual em junho.
“Essa estratégia seria coerente por parte do BC, pois daria tempo de monitorar os números de inflação de abril e maio. A autoridade monetária deve prezar pelo controle da subida de preços, mas também não pode parar a economia, pois quanto maior a taxa de juros, menores são os investimentos no setor produtivo. A autoridade monetária deveria levar em conta da elevada taxa de desemprego em março, (4,2%), a maior em quatro anos”, ponderou Gouveia.