A bolsa paulista fechou em queda nesta quarta-feira, com a realização de lucros principalmente nas ações da mineradora Vale e da Petrobras e o declínio nos papéis de bancos fazendo o Ibovespa quebrar sequência de três pregões de alta. O principal índice da Bovespa recuou 1,63%, aos 57.103 pontos. O volume financeiro alcançou R$ 9,3 bilhões.
Em sessão marcada por resultados corporativos, incertezas sobre a votação da Medida Provisória 665, que altera regras de acesso a benefícios trabalhistas e é uma das medidas no plano de ajuste fiscal do governo, adicionaram ruído aos negócios.
"O cenário político pesou com certeza e os três dias de alta ajudaram a criar uma margem maior para uma realização de lucros", disse o analista de renda variável Fabio Lemos, da gestora São Paulo Investments.
Ele também destacou efeito de declaração da titular do banco central norte-americano sobre o elevado nível de preço nos mercados acionários e indicadores econômicos negativos no Brasil e no exterior.
Janet Yellen disse nesta quarta-feira que as "valuations do mercado de ações neste momento estão de modo geral bastante elevadas". "Há perigos potenciais nisso", afirmou a chair do Federal Reserve.
Dólar
O dólar fechou em queda ante o real nesta quarta-feira, após números fracos sobre o mercado de trabalho dos Estados Unidos sugerirem que os juros norte-americanos podem demorar a subir.
A moeda norte-americana caiu 0,72%, cotado a R$ 3,046 na venda. O setor privado dos EUA abriu 169 mil vagas de trabalho no mês passado, menor número desde janeiro de 2014 e muito abaixo das expectativas de analistas.
Investidores temem que a economia norte-americana pode não ter se recuperado tão rapidamente quanto o esperado da desaceleração por que passou no primeiro trimestre, o que poderia levar o Federal Reserve a adiar o início do ciclo de aperto monetário.
"Tivemos números fracos (sobre os EUA) no primeiro trimestre e uma leva de números fortes mais atuais. Então a dúvida é se a fraqueza do começo do ano vai se estender ou não", disse o estrategista-chefe do Banco Mizuho, Luciano Rostagno.
Declarações do ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, ajudaram a divisa a afastar-se das mínimas da sessão. O ministro ressaltou que o custo dos swaps cambiais que o BC tem vendido é elevado, mas que o governo já começou a reduzir essa despesa.
Aliado à recente indicação de que o lote de swaps que vence em junho deve ser rolado apenas parcialmente, a declaração levou investidores a especularem que a autoridade monetária pode aproveitar ocasiões como a recente queda do dólar para reduzir sua posição.
Nesta manhã, o BC vendeu a oferta total de 8,1 mil swaps no leilão de rolagem. Ao todo, a autoridade monetária já rolou o equivalente a 1,182 bilhão de dólares, ou 12 por cento do lote total, que corresponde a 9,656 bilhões de dólares.
Investidores ainda mostram dúvida sobre a trajetória futura do câmbio. No mês passado, a divisa chegou a recuar a R$ 2,90, mas voltou a ser pressionada nas últimas sessões. Pesquisa da Reuters com analistas aponta que a divisa deve ir a R$ 3,2550 em doze meses.
"Acredito que 3 reais é piso, porque foi aí que o BC começou a reduzir a oferta de swaps", afirmou o gerente de câmbio da corretora BGC Liquidez, Francisco Carvalho. "O fluxo do mês passado foi muito forte e se mantiver para este mês, haverá uma janela para o BC diminuir a oferta de swaps sem deixar o dólar cair abaixo de 3 reais", acrescentou.
O Brasil registrou entrada líquida de US$ 13,107 bilhões em abril, o melhor resultado mensal desde julho de 2011.
Os investidores ainda ficaram de olho nas negociações para a votação no Congresso das medidas de ajuste fiscal propostas pelo governo federal. A presidente Dilma Rousseff afirmou nesta quarta-feira acreditar na "sensibilidade" de parlamentares para as medidas sejam votadas.