O uso de preservativo minimiza os riscos de contágio de infecções sexualmente transmissíveis (ISTs)Foto: Freepik - Creative Commons

Guapimirim – Pacientes da rede pública de saúde em Guapimirim, na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, e de outras partes do Brasil precisam ficar atentos: o combate a infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) ganha novo capítulo no país. O Sistema Único de Saúde (SUS) vai disponibilizar, de maneira definitiva, testes para diagnosticar gonorreia e clamídia. O anúncio foi feito pelo Ministério da Saúde nessa quinta-feira (13/7).
Desde março de 2023, 82 laboratórios ligados ao SUS estão sendo preparados para realizar o exame de detecção qualitativa de gonococo e clamídia. Até junho deste ano, houve a instalação de 80% dos equipamentos e, além disso, os profissionais estão participando de capacitações. Serão investidos R$ 3,3 milhões.
“Até o momento, o tratamento para clamídia e gonorreia no Brasil vinha sendo feito com base em sinais e sintomas, sem que ocorresse a identificação do patógeno. Os exames são úteis para a testagem de pessoas sem sintomas, permitindo o diagnóstico em tempo oportuno e o tratamento correto”, explicou o Ministério da Saúde.
Geralmente, quando uma pessoa se trata contra gonorreia também o faz simultaneamente contra clamídia e vice-versa, tendo em vista que o diagnóstico costuma ser feito com base nos relatos e sintomas dos pacientes sem o devido exame laboratorial.
“Os exames de clamídia e gonorreia já fazem parte da Tabela de Procedimentos, Medicamentos e Órtese, Prótese e Meios Auxiliares de Locomoção (OPM) do SUS, mas para que os estados e municípios fizessem a aquisição dos testes faltava uma estratégia para a implantação da testagem nos serviços de apoio diagnóstico e terapêutico das Redes de Atenção à Saúde (RAS) do país”, continuou o Ministério da Saúde.
A oferta desses novos exames se soma a outros testes rápidos já disponibilizados pelo SUS como os de HIV, sífilis e hepatites virais. Todos são gratuitos e os resultados saem em até 30 minutos.
A data para que os exames de gonorreia e clamídia comecem a ser ofertados na rede pública de saúde não foi divulgada.
Sobre essas ISTs
A gonorreia – também chamada de blenorragia – é causada pela bactéria ‘Neisseria gonorrhoeae’. E a clamídia é provocada pela bactéria ‘Chlamydia trachomatis’.
Gonorreia e clamídia são doenças contraídas durante o ato sexual, por isso o uso de preservativos é fundamental para minimizar o contágio. Ambas as infecções afetam homens e mulheres, têm cura e são tratadas com antibióticos em comprimido, injetáveis ou endovenosos, a depender do quadro do paciente.
Para que o tratamento seja bem-sucedido, é necessário que o paciente não tenha relações sexuais enquanto estiver se tratando e no decorrer de alguns dias após o fim do uso da medicação, mesmo que não apresente mais sintomas como ardência ao urinar, por exemplo. É preciso seguir à risca as orientações médicas e respeitar o tratamento até o final como forma de evitar a disseminação da doença e uma possível reinfecção.
O diagnóstico precoce ajuda a controlar a contaminação em outras pessoas, quando se tem múltiplos parceiros ou parceiras e/ou em grupos de risco, ademais de reduzir os riscos de gravidez fora do útero, de doença inflamatória pélvica, de infertilidade e de doenças nos olhos, nos pulmões e em outras partes do corpo.
É vital não praticar a automedicação, pois o uso indiscriminado, incorreto e indevido de antibiótico pode dificultar as chances de cura, ao provocar uma resistência antimicrobiana. Em 2022, a Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou para os graves riscos disso e citou a gonorreia como uma das enfermidades nesse rol. Mais de 60% dos casos tratados num reporte de 87 países apresentaram resistência ao uso do cloridrato de ciprofloxacino, por exemplo, tratamento de primeira linha.
Estimativas da OMS, de 2019, apontam que diariamente mais de um milhão de pessoas – entre 15 e 49 anos – em todo o mundo se contaminam com ISTs como gonorreia, clamídia, sífilis e tricomoníase. Isso equivale a 376 milhões de casos por ano.
O boletim dessa entidade global destacou que, em 2016, foram registrados 87 milhões de casos de gonorreia em homens e mulheres de 15 a 49 anos, 127 milhões de novos casos de clamídia em públicos de ambos os gêneros e mesmas faixas etárias, além de 6,3 milhões de casos de sífilis e 156 milhões de tricomoníase.