Vice Emanuel Medeiros diz que prefeito Alfredão nunca o chamou para tomar decisões administrativas Foto Decom/Divulgação

Itaperuna – “Denúncia sobre denúncia”. Este é o clima político-administrativo em Itaperuna, ao noroeste do Estado do Rio de Janeiro, com cerca de 104 mil habitantes. Os efeitos das denúncias contra o governo municipal colocam o prefeito Alfredo Paulo Marques Rodrigues (Alfredão) em uma espécie de “inferno astral” que pode enfraquecer a sua pretensão de se reeleger no pleito do ano que vem e respingar no mandato de deputado federal do filho, Murillo Gouvêa.
Começa pelas investigações no âmbito do Ministério Público estadual (MP-RJ), quanto às suspeitas de que Alfredão teria desviado recursos da prefeitura para a candidatura de Gouvêa em 2022 e colocado funcionários terceirizados (RPA) na campanha do filho.
A ação do MP ainda está em andamento e leva o deputado estadual Fillipe Poubel a defender o afastamento imediato de Alfredão do cargo, apontando outros crimes administrativos que poderiam estar sendo praticados no governo.
O rompimento do vice-prefeito Emanuel Medeiros (Nel) com Alfredão ainda não tem motivação apontada oficialmente; mas em vídeo nas suas redes sociais, Nel resume, reclamando da forma como o prefeito tem administrado o município e a maneira que ele é tratado pelo deputado Gouvêa.
“Tenho andado muito triste com o que tem acontecido no nosso município”, diz o vice justificando que por não concordar com varias atitudes de Alfredão e de Murillo Gouvêa, está se desvinculando do prefeito e do parlamentar.
Nel afirma que toma a decisão em respeito à população e aos trabalhadores que sofrem há vários meses, sem, no entanto, dar mais detalhes: “Quero falar que sempre estive e estou preparado, tenho competência para ajudar; mas em momento algum fui chamado para tomar decisões a respeito do município e me sinto desprestigiado”.
PROJETO POLÊMICO - A expectativa é de que a semana comece com desdobramentos ainda mais graves, principalmente na Câmara Municipal, onde a vereadora Keila do Toldo articula o impeachment do prefeito, sob acusação de ter “causado um rombo na prefeitura para eleger o filho”; também tramita projeto encaminhado pelo Executivo que gera polêmica.
Alfredão propõe uma reforma administrativa que estabelece nova estrutura de organização de cargos da prefeitura; porém, há suspeitas de que a intenção seria facilitar ao prefeito “inchar” a prefeitura com contratações com fins eleitoreiros. Vereadores da base do governo já aprovaram em primeira discussão.
Em uma das sessões, na última semana, o vereador Glauber Bastos argumentou: “falta dinheiro para as pessoas que estão na UPA (Unidade de Pronto Atendimento), falta dinheiro para os RPAs que estão sem receber, mas não falta dinheiro para criar cargo comissionado“.
Bastos fez referências ao projeto de reforma administrativo (que o prefeito estaria contando com a aprovação neste início de semana). Após reforçar a suspeita de que “o aumento de cargos comissionados é uma medida eleitoreira”, o vereador anunciou que entrará na justiça contra a reforma.
Em quatro oportunidades, a reportagem de O Dia tentou falar com o Departamento de Comunicação (Decom) da prefeitura; primeiro, mandando mensagem pelo WhatsApp, em seguida ligando para (22) 997388488 cinco vezes; porém, não houve retorno.
Às 14h30 o presidente do Legislativo, Paulo César da Silva, não se encontrava na casa; no entanto, o chefe de gabinete, Celso Nunes, falou a respeito do projeto de reforma administrativa. Segundo Nunes, trata-se de uma exigência do Ministério Público que foi aprovada em primeira discussão e o mesmo resultado deve ser obtido nesta segunda-feira.
Quanto às suspeitas de que seria uma medida eleitoreira do prefeito, na opinião de Nunes é coisa da oposição que não tem o menor sentido: “O prefeito tem bom relacionamento com a Câmara, tem maioria e provavelmente o projeto será novamente aprovado”. A sessão começa às 18h.