Presidente Donald Trump - Carlos Barria / AFP
Presidente Donald TrumpCarlos Barria / AFP
Por AFP

Washington - O presidente norte-americano, Donald Trump (Partido Republicano), pediu, nesta terça-feira 5,7 bilhões de dólares para erguer uma barreira de aço entre os Estados Unidos e o México, advertindo para a "crescente crise" migratória que ameaça o país.

"Há uma crescente crise humanitária e de segurança em nossa fronteira sul", disse Trump, no momento em que a questão da verba para a construção do muro impede a aprovação do orçamento federal e paralisa diversos serviços públicos.

Em seu discurso do Salão Oval da Casa Branca, Trump afirmou que os agentes de fronteira enfrentam diariamente "milhares de imigrantes ilegais" que tentam entrar nos EUA a partir do México.

"Nossa fronteira sul é passagem para uma grande quantidade de drogas ilegais, incluindo metanfetamina, heroína, cocaína e fentanil. A cada semana, 300 dos nossos cidadãos morrem apenas pela heroína", destacou Trump.

Lei de emergência

Discurso foi transmitido em horário nobre na TV norte-americana - Johannes Eisele / AFP

Durante o discurso, Trump não disse se recorrerá à lei de emergências - como alguns especulavam - para evitar o Congresso e iniciar a construção da barreira com recursos das Forças Armadas.

A lei de emergência já foi adotada em várias ocasiões, como no governo de George W. Bush, após os atentados de 11 de setembro de 2001, para aumentar os recursos das Forças Armadas além do orçamento, e pela administração de Barack Obama, durante a epidemia de gripe H1N1, para suspender algumas disposições do sigilo médico.

Mas a iniciativa, implementada através da Ata Nacional de Emergências, pode ser imediatamente impugnada na Justiça.

Reação democrata

Nancy Pelosi e Chuck Schumer, após discurso de Trump - Nicholas Kamm / AFP

A atual paralisação da máquina federal provocada pelo impasse no orçamento afeta cerca de 800 mil funcionários federais, que estão em casa sem remuneração à espera de uma decisão.

A presidente democrata da Câmara de Representantes, Nancy Pelosi, reagiu imediatamente acusando Trump de tornar o povo americano "refém" ao perpetuar o "shutdown" para forçar a aprovação da verba do muro no novo orçamento.

"Estes são os fatos: o presidente Trump precisa deixar de fazer os americanos reféns, deve deixar de inventar crises" migratórias e humanitárias na fronteira e "deve reabrir o governo", disse Pelosi, durante uma declaração transmitida logo após o discurso do presidente.

'Não há crise ou invasão'

Discurso foi feito do Salão Oval da Casa Branca - Saul Loeb / AFP

Trump exige uma verba de 5,7 bilhões de dólares no orçamento para levantar um muro que os democratas qualificam de "imoral", caro e ineficaz.

"Não há crise, não há invasão, não existe um risco identificado, como o presidente quer que os americanos acreditem para que tenham medo", assinalou o democrata Steny Hoyer.

A União Americana para Liberdades Civis (ACLU) declarou que Trump e a secretária de Segurança Nacional, Kirstjen Nielsen, estão mentindo sobre as estatísticas na fronteira e promovendo discursos comprovadamente "falsos".

"Sua negação da humanidade e dos direitos dos imigrantes está dirigindo a agenda política de seu governo e matando pessoas".

Trump deve viajar na quinta-feira à fronteira com o México "para se encontrar com os que estão na linha de frente".

Promessa de campanha

Discurso de Trump foi feito na noite desta terça - Carlos Barria / AFP

Construir um muro ao longo dos 3.200 km da fronteira entre Estados Unidos e México foi uma das principais promessas de campanha de Trump, que além do narcotráfico, liga a imigração ilegal a diversos outros crimes, incluindo violência sexual.

Mas Trump enfrenta agora uma crise de credibilidade, já que poucos americanos estão convencidos de suas afirmações sobre imigrantes clandestinos, criminosos e terroristas abarrotando a fronteira sul.

"Acredito que o melhor que o presidente pode fazer pelo Partido Republicano é apresentar um caso convincente para justificar porque quer mais dinheiro", declarou o senador republicano Lindsey Graham, um conhecido aliado de Trump.

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