Former Nissan chairman Carlos Ghosn leaves the Tokyo Detention House following his release on bail in Tokyo on March 6, 2019. - Ghosn posted bail of 1 billion yen (9 million USD) in cash on March 6, paving the way for his release from the Tokyo detention centre after more than three months in custody. (Photo by JIJI PRESS / JIJI PRESS / AFP) / Japan OUT - AFP
Former Nissan chairman Carlos Ghosn leaves the Tokyo Detention House following his release on bail in Tokyo on March 6, 2019. - Ghosn posted bail of 1 billion yen (9 million USD) in cash on March 6, paving the way for his release from the Tokyo detention centre after more than three months in custody. (Photo by JIJI PRESS / JIJI PRESS / AFP) / Japan OUTAFP
Por AFP

O ex-presidente da Renault e da Nissan, Carlos Ghosn, foi solto nesta quarta-feira da prisão de Kosuge, em Tóquio, depois de mais de 100 dias de detenção, acusado de fraude financeira. O executivo deixou a prisão cercado por guardas e entrou em um carro diante de dezenas de jornalistas que aguardavam no local.

Sua esposa Carole, uma de suas filhas, o embaixador da França e outras pessoas chegaram algumas horas antes, mas não saíram no mesmo momento que Ghosn. Por meio de seu advogado, Carlos Ghosn pagou uma fiança de um bilhão de ienes (9 milhões de dólares).

O tribunal de Tóquio aceitou em definitivo na terça-feira o pedido de liberdade do empresário, depois de rejeitar um recurso de apelação da Promotoria.

No Japão é incomum que uma pessoa acusada de abuso de confiança consiga a liberdade antes da definição da data de seu julgamento ou até mesmo antes do início do processo. Analistas explicaram que o novo advogado de Ghosn ofereceu garantias que convenceram o juiz de que o empresário franco-libanês-brasileiro não estaria em condições de destruir provas ou sair do país.

Julgamento justo

Para conseguir a libertação de seu cliente, o novo advogado de Ghosn, Junichiro Hironaka, sugeriu uma vigilância por câmeras que o réu tenha meios de comunicação limitados com o exterior.

"Apresentamos a proposta de um dispositivo que torna impossível uma fuga ou a supressão de informações", insistiu Hironaka na terça-feira.

Em um comunicado, Ghosn se declarou "infinitamente agradecido" aos amigos e parentes pelo apoio.

"Sou inocente e estou realmente decidido a defender-me vigorosamente em um julgamento justo contra estas acusações sem fundamento", declarou.

O advogado deu a entender que Ghosn poderia conceder uma entrevista coletiva assim que possível.

Em tese, de acordo com juristas, a Promotoria ainda tem a possibilidade de voltar a pedir a detenção do homem que já foi diretor geral das montadoras Nissan e Renault com base em outras acusações, mas parece que há poucas probabilidades de que isto aconteça.

Descontente com a rejeição dos pedidos de liberdade sob fiança anteriores, Carlos Ghosn decidiu mudar em fevereiro sua equipe de defesa, antes de abordar a fase de preparação do julgamento, que deve acontecer dentro de alguns meses.

"Estou impaciente por poder fazer minha defesa, com vigor, e esta escolha representa a primeira etapa de um processo que não apenas busca restabelecer minha inocência, mas também jogar luz sobre as circunstâncias que levaram a minha detenção injusta", afirmou Ghosn na ocasião.

A libertação permitirá a Ghosn "defender-se livre e soberanamente", opinou o ministro da Economia da França, Bruno Le Maire.

"É essencial proteger o princípio da presunção de inocência e dar a cada um a possibilidade de defesa nas melhores condições possíveis", completou o ministro francês.

O Estado francês é acionista na Renault.

Complô

Ghosn, que já foi venerado no Japão por ter salvado a Nissan, foi detido em 19 de novembro em Tóquio e enviado para o centro de detenção de Kosuge, zona norte da capital. O empresário é acusado de apresentar declarações de renda falsas às autoridades da Bolsa de Valores e de abuso de confiança em detrimento da montadora Nissan, onde teve início a investigação.

O executivo considera que foi vítima de um "complô" da Nissan para provocar o fracasso de seu projeto de aproximação com a Renault.

"A Nissan não desempenha nenhum papel nas decisões tomadas pelos tribunais ou os promotores e não está em posição de fazer comentários", afirmou o grupo em um comunicado.

"As investigações realizadas a nível interno pela Nissan ostraram comportamentos (de Ghosn) expressamente contrários à ética [...] e outros fatos que seguem aparecendo", completa a nota da montadora, que foi comandada a partir de 1999 por Ghosn, que salvou a Nissan da falência.

A libertação de Carlos Ghosn "não tem consequências para os negócios da Nissan", afirmou o atual diretor geral do grupo, Hiroto Saikawa.

 

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