As autoridades locais confirmaram à AFP o ataque no colégio de Jangebe, estado de Zamfara, por homens armados e o sequestro das estudantes.
"Chegaram à escola em veículos e forçaram algumas garotas a seguir com eles", declarou Sulaiman Tunau Anka, porta-voz do governo local.
Horas depois, um porta-voz da polícia, Mohammed Shehu, afirmou que 317 jovens foram sequestradas e que uma equipe das forças de segurança foi enviada ao local;
Um professor, que pediu para não ser identificado, afirmou que "mais de 300 jovens estão desaparecidas".
Outro professor disse que 600 adolescentes estavam nos dormitórios durante o ataque e que apenas 50 foram encontradas. Ele afirmou que as demais podem ter sido sequestradas, ou fugiram dos criminosos.
Este suposto sequestro é o mais recente caso de atos similares cometidos no centro e no noroeste da Nigéria por grupos criminosos que aterrorizam a população, roubam o gado e saqueiam os vilarejos.
Escalada
No caso de Kagara, o presidente nigeriano, Muhammadu Buhari, determinou uma operação de resgate. No momento, negociações com os sequestradores estão em curso, mas os reféns ainda não foram libertados.
Os adolescentes de Kankara foram liberados após uma semana de cativeiro e de negociações entre os grupos criminosos e os governos locais.
A situação provocou uma comoção mundial e recordou o sequestro de mais de 200 adolescentes pelo grupo Boko Haram, em Chibok (nordeste), em 2014.
Os criminosos são estimulados pelos pedidos de resgate, mas alguns têm vínculos com grupos jihadistas presentes no nordeste da Nigéria.
Eles se escondem com frequência na floresta de Rugu, que passa por quatro estados: Katsina, Zamfara, Kaduna e Níger.
Há vários anos, praticam sequestros em troca do pagamento de resgate e atacam vilarejos, ou ônibus nas estradas. Nos últimos meses, intensificaram os ataques contra as escolas.
Para estes grupos, "o meio mais simples de conseguir dinheiro do governo agora é sequestrar estudantes", afirmou Idayat Hassan, diretora do Centro para a Democracia e o Desenvolvimento, após o sequestro de Kagara.
"O governo deve garantir a segurança das escolas de maneira urgente (...) porque, em caso contrário, os sequestros de Chibok e Kankara estimularão outros a agirem de maneira pior", completou.
A violência destes grupos deixou mais de 8.000 mortos desde 2011 e forçou mais de 200.000 pessoas a fugirem de suas casas, de acordo com um relatório do Crisis Group (ICG) publicado em maio de 2020.