
Mais de um terço desses casos foram registrados na Índia, que contabilizou 332.730 novas infecções na sexta-feira e 346.786 neste sábado, números também inéditos no país.
O maior número de infecções até agora foi em 8 de janeiro, quando o mundo somou 819 mil novos casos.
Por trás dos recordes na Índia, imagens dramáticas: pessoas morrendo às portas de hospitais, crematórios saturados e uma grave falta de oxigênio. "Era pai de cinco filhos. O último ainda é um menino. O que vou dizer à esposa?", soluça do lado de fora do hospital Guru Teg Bahadur, em Nova Delhi, Ram Narayan, cujo irmão Shyam acaba de falecer sem receber atendimento médico, depois que sua família procurou desesperadamente e em vão por oxigênio e um leito de hospital a noite toda.
A morte de Shyam Narayan não fará parte do triste balanço do coronavírus na Índia, porque ele não chegou a ser admitido no hospital. Na mesma fila de espera de enfermos, outros sofrerão o mesmo destino.
Oficialmente, o número total de vítimas fatais nesta pandemia é de cerca de 190 mil na Índia, onde vivem 1,3 bilhão de pessoas, enquanto o total de infecções chega a 16,5 milhões. Nos últimos três dias, foram contabilizados mais de um milhão de novos casos.
Uma nova variante e um festival religioso hindu que reuniu dezenas de milhares de pessoas em várias partes do país explicam esse agravamento da situação na Índia.
O governo central enviou trens especiais com oxigênio para hospitais localizados em regiões remotas, onde devem ser escoltados pelas forças de ordem, e estimula a produção de empresas locais, mas a situação não dá sinais de melhora por enquanto.
As vacinas são um marco do ponto de vista científico pela rapidez com que foram desenvolvidas e pela eficácia, mas não são distribuídas de forma igualitária e alguns dos imunizantes geram suspeitas de autoridades e pacientes, devido a possíveis efeitos colaterais.
Neste contexto, o diretor da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, lembrou que nos países ricos uma em cada quatro pessoas está vacinada, enquanto naqueles com menos recursos apenas uma em 500 pessoas. E se o objetivo de todos é a imunidade coletiva em um planeta onde quase não há fronteiras, essa desigualdade pode custar caro.
"O uso da vacina Janssen contra a covid-19 deve ser retomado nos Estados Unidos", disseram os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) e a agência de medicamentos dos Estados Unidos, FDA, em um comunicado, considerando que os benefícios da vacina superam os riscos.
A suspensão do uso da vacina desenvolvida pelo laboratório americano havia sido decidida para investigar vários casos de mulheres que desenvolveram coágulos sanguíneos em associação com baixos níveis de plaquetas após a inoculação da vacina.
No Equador, onde quase 6.000 casos foram registrados em 24 horas e é um dos países da América Latina mais afetados pela pandemia, o governo impôs toques de recolher de 57 horas nos próximos quatro fins de semana para conter o avanço das infecções.
"O compromisso é ficar em casa (...) Tudo estará fechado, são apenas dois dias, pedimos compreensão", disse o presidente do Comitê de Operações de Emergência (COE), Juan Zapata.
E na Alemanha, ao contrário do que acontece em outros países europeus onde as restrições começam a ser levantadas, o governo decidiu reforçá-las.
Neste sábado, várias medidas, como um toque de recolher nacional, entraram em vigor, após a adoção de uma nova lei muito polêmica que reforça o poder da chanceler Angela Merkel no combate à pandemia.
O motor econômico da Europa quer ativar o que chamou de "freio de emergência" quando a taxa de incidência ultrapassar 100 por 100.000 habitantes. Atualmente a taxa é de 164.
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