Pedro Castillo tem uma vantagem de 60.000 votos, com 99,5% das urnas apuradasAFP

Por AFP
Lima - Cinco dias após a disputa entre a candidata de direita Keiko Fujimori e o de esquerda Pedro Castillo, o Peru ainda não sabe quem será seu próximo presidente, em meio a uma recontagem bloqueada por contestações às urnas e denúncias de fraude.
O presidente interino, Francisco Sagasti, tenta acalmar os ânimos em um país polarizado que aguarda desde domingo a definição da disputa eleitoral, que entrou numa fase cada vez mais tensa e complexa nesta sexta-feira (11).
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Embora ainda não haja um vencedor oficial, Castillo continua a receber os parabéns dos líderes regionais. Os ex-presidentes do Brasil e do Equador, Dilma Rousseff e Rafael Correa, o saudaram como "presidente eleito".
Durante a semana, os ex-presidentes da Bolívia Evo Morales, Luiz Inácio "Lula" da Silva, a primeira-dama da Nicarágua, Rosario Murillo e os atuais chefes de Estado da Bolívia, Luis Arce, e da Argentina, Alberto Fernández, enviaram seus parabéns.
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Castillo tem uma vantagem de 60.000 votos, com 99,5% das urnas apuradas, mas o Júri Nacional Eleitoral (JNE) ainda não resolveu os pedidos de contestação de milhares de votos apresentados por ambos os candidatos.
"Não acho que o processo em andamento possa ser interrompido, o que dá a Castillo a [eventual] vitória", disse à AFP o analista Hugo Otero, ex-assessor do falecido presidente Alan García.
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“Fujimori está desafiando as autoridades eleitorais. Primeiro denunciou a fraude e depois fez uma série de questionamentos, mas o povo votou democraticamente e com o reconhecimento dos órgãos internacionais de observação eleitoral”, que afirmaram que o processo foi limpo e transparente, acrescentou.
Que "reine a calma" 
Enquanto o JNE, que deve proclamar o vencedor, resolve os pedidos de anulação, Sagasti conversou com pessoas vinculadas aos dois candidatos para pedir que se acalmem, independentemente do vencedor, revelou em mensagem no Twitter.
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“A tarefa de um chefe de Estado é fazer com que o país mantenha a serenidade e a calma nos momentos difíceis e complexos. Nesse esforço entrei em contato com várias pessoas [...]. Uma dessas pessoas foi Mario Vargas Llosa” observou Sagasti.
O premiado escritor de 85 anos tem apoiado ativamente Fujimori da Espanha, onde reside, embora tenha sido um crítico antifujimorista no passado.
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O filho do escritor, Álvaro Vargas Llosa, confirmou nesta sexta-feira o que o pai falou com Sagasti: “Seria um erro revelar o conteúdo da conversa porque foi privada”, disse à rádio RPP.
Segundo a sua versão, ao terminar o telefonema com Sagasti, o pai pediu-lhe que entrasse em contato com Fujimori "para reiterar em termos inequívocos o seu apoio, que considera perfeitamente adequado ao que são as normas de conduta democrática", disse Álvaro Vargas Llosa.
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Distúrbios 
A tensão aumentou na quinta-feira, depois que um promotor pediu prisão preventiva para Fujimori por supostamente violar as regras de sua liberdade condicional no caso das contribuições ilegais da construtora brasileira Odebrecht, pelo qual esteve em prisão preventiva por 16 meses.
Segundo a candidata, que deve ir a julgamento se perder a eleição, “há uma clara intenção de nos distrair, de nos atrapalhar do processo eleitoral” por parte do procurador.
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O pedido do promotor José Domingo Pérez agitou ainda mais os ânimos e horas depois a Marinha do Peru negou em nota a veracidade de um áudio sobre uma suposta conspiração de chefes navais "contra a ordem constitucional".
Fujimori denunciou "evidências de fraude" na segunda-feira e na quarta-feira pediu a anulação de 200.000 votos, acentuando o clima de incerteza após anos de convulsões políticas, que levaram até mesmo ao juramento de três presidentes em cinco dias em novembro.
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A organização da direção empresarial peruana Confiep, que nas eleições anteriores apoiou Fujimori, pediu em comunicado aos dois candidatos que "respeitem a decisão final" do JNE.
A bolsa de Lima enfrenta quedas desde segunda-feira e o dólar atinge preços recordes de 3,9 soles.